Alca não avança com "fundamentalismo", diz Bahadian

28/03/2004 - 9h12

Aloisio Milani
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O embaixador e co-presidente da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Ademar Bahadian, disse à Agência Brasil que a Alca não avançará se os países negociadores "continuarem com posições fundamentalistas". Bahadian voltou na sexta-feira de uma reunião em Washington, na qual discutiu uma proposta mínima para destravar as discussões sobre a criação do bloco econômico.

"A Alca possível neste momento deverá respeitar as possibilidades dos países que não se encontram em condições de negociar alguns temas. Os países precisam respeitar as decisões da reunião de Miami", diz Bahadian, citando o último encontro de cúpula, em novembro de 2003, que definiu a "Alca light", bem menos abrangente que a proposta inicial de livre-comércio.

O atual problema, de acordo com o embaixador, é que "ainda há países que insistem em determinados temas com uma postura fundamentalista". O embaixador se negou a citar nomes, mas disse que "nações da América do Sul exigem temas que os vizinhos da América do Norte não podem ceder e o mesmo acontece no sentido inverso".

As posições dos ministros de Estado evidenciam que Brasil e Argentina, as principais economias do Mercosul, pedem o fim dos subsídios agrícolas aos Estados Unidos. As negociações norte-americanas, por sua vez, buscam as áreas de propriedade intelectual e compras governamentais.

Bahadian não representa as posições brasileiras na Alca – o que fica sob responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores. Ele coordena as propostas dos 34 países americanos, exceto Cuba. A rodada de discussão agora se concentra na definição das ofertas de produtos que todos os países vão fazer para o bloco.

Na reunião da última semana Bahadian e Peter Algeier, presidente da Alca, ficou acertado que haverá uma proposta mínima de negociação, baseada nos resultados de Miami. A idéia prevê duas etapas: a primeira com um "conjunto de regras comuns aos 34 países"; a segunda abre a "possibilidade de negociações plurilaterais mais profundas" entre nações, de acordo com as preferências de cada grupo dentro da própria Alca.

"Com esse texto, ou assumimos a linha ditada por Miami, ou vamos retroceder a tratados com 7 mil sub-itens", analisa. Na próxima terça-feira, os dois presidentes das negociações apresentam em Buenos Aires o documento em reunião com representantes de 12 países. Essa será a prévia da décima-sétima reunião do Comitê de Negociações Comerciais, prevista para Puebla, no México, que definirá o futuro do bloco econômico das Américas.