Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ainda nesta década, o Brasil poderá ter alguns dispositivos funcionando, utilizando o hidrogênio como combustível para geração de energia elétrica nas chamadas aplicações estacionárias, isto é, para geração de energia elétrica num lugar determinado, como uma residência, uma escola, um edifício ou cidade.
A expectativa é do Coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da UFRJ (COPPE/UFRJ), Paulo Emílio Valadão de Miranda, Presidente do novo Núcleo de Referência em Tecnologia e Economia do Hidrogênio, que a instituição lança oficialmente na próxima segunda-feira em parceria com o Centro de Pesquisas da Eletrobrás(CENPES).
Paulo Emílio Valadão esclareceu que as aplicações estacionárias do hidrogênio deverão vir primeiro porque têm menos requisitos com relação a custo, volume e peso dos equipamentos demandados para isso. Salientou que hoje em dia já existem veículos experimentais que utilizam o hidrogênio como combustível e a expectativa é que a partir de 2020 esses veículos já representem uma parcela importante dos veículos fabricados no Brasil.
O hidrogênio hoje é usado como um produto químico e não como um vetor energético, mas no futuro, Paulo Emílio Valadão assegurou que ele será fonte de energia para geração de energia elétrica distribuída, para utilização em veículos, em produtos portáteis. Atualmente, o hidrogênio é utilizado nas indústrias química e petroquímica e na indústria alimentícia, mas sempre como um produto químico e não como combustível para produção de energia. Avaliou que "isso é o que está por vir na nova economia do hidrogênio".
O grande interesse disso, manifestou o especialista, é que se trata de um combustível que pode ser produzido de muitas formas diferentes, além da utilização do hidrogênio ser mais amigável com relação ao meio ambiente. "É um processo de produção e de utilização de energia que não agride o meio ambiente na mesma medida que ocorre hoje com os combustíveis fósseis", afirmou.
Valadão informou que as usinas hidrelétricas também poderão ser usadas para produzir hidrogênio a partir da eletrólise da água. "E a utilização de energia elétrica gerada por hidroeletricidade, por exemplo, quando ela é mais barata, quer dizer, fora dos horários de pico de consumo, pode resultar na produção de hidrogênio", explicou.
Outra fonte de produção para o hidrogênio é o gás natural, combustível fóssil ainda muito disponível, e também a biomassa, revelou Valadão. Acrescentou que o produto tem processos de produção que utilizam outras fontes renováveis de energia, como a energia eólica (dos ventos) e a solar. "Esse é o grande interesse em termos ambientais", afirmou.
O Núcleo de Referência em Tecnologia e Economia do Hidrogênio terá um âmbito nacional e seu objetivo é congregar esforços e capacitação em todo o país para formação de pessoal especializado e desenvolvimento de tecnologia de interesse da economia do hidrogênio. Outras instituições governamentais e privadas já estão se associando ao núcleo.
O Laboratório de Hidrogênio da Coppe realiza também no período de 22 a 24 deste mês seminário voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias de hidrogênio no país, quando será lançada a Rede Cooperativa Pilha a Combustível de Óxido Sólido-Rede PaCOS, iniciativa já aprovada pelo Fundo Verde e Amarelo do CNPq.