Economista critica política social em seminário de deputados petistas

21/03/2004 - 17h54

São Paulo - A economista Laura Tavares, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entende não é possível falar de políticas sociais sem falar do superávit fiscal. "Num patamar de superávit, que corta recursos para merenda escolar, não poderemos realizar qualquer política social; não só a política social perfeita, mas nem mesmo essa do Patrus Ananias".

A afirmação foi feita durante o seminário "Queremos um outro Brasil!", organizado por deputados federais do PT, e realizado hoje, em São Paulo. A economista criticou a política de municipalização das políticas sociais e disse que nada garante que a gestão municipal seja mais democrática e que a corrupção seja mais difícil. "Eu vi como funcionam os conselhos do Fome Zero. Já estão ocorrendo desvios. Não dá para tapar o sol com a peneira" -- salientou.

Segundo Laura Tavares, as políticas de "focalização", que direcionam gastos para grupos específicos, também são prejudicais. Ela afirmou que o gasto para manter uma estrutura para fiscalizar quem deve, ou não, receber o bolsa-família "é maior do que se pagar 70 reais para todo mundo numa cidade. A pobreza tem cara e endereço".

A economista defendeu, ainda, a adoção de ações para a unificação de gastos sociais, como os de renda-cidadã e do Fome Zero, com os investimentos na área de educação. A seu ver, "isso serviria para mudar o caráter imediatista das ações emergenciais".