Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Olinda (PE) - Experiências bem sucedidas de combate à fome, educação alimentar e geração de renda estão sendo apresentadas por representantes dos conselhos estaduais e municipais de Segurança Alimentar de todo o país, na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar, que se realiza no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Os projetos beneficiam principalmente mulheres e crianças de famílias de baixa renda.
A idéia é que algumas das iniciativas sirvam de modelo para o governo, na busca da superação da pobreza. Um dos exemplos é o projeto Ambial -- implantado no ano passado em 32 escolas de ensino básico e fundamental de Santa Catarina -- que promove a educação alimentar como forma de reduzir os índices de evasão.
As ações estão centradas em cozinhas comunitárias, onde as mães dos alunos carentes aprendem a usar os alimentos sem desperdício, com conhecimentos sobre como preparar doces, sucos, bolos, pães e biscoitos, a partir do aproveitamento de talos, cascas e sementes de frutas e legumes, explicou a secretária-adjunta de Educação de Santa Catarina, Selma Elias Westphal.
Entre os produtos produzidos estão os sucrilhos de abóbora, que ajudam no combate a verminoses, e os biscoitos de casca de canela e de sementes de girassol. O Ambial também oferece duas refeições por dia a crianças e famílias carentes cadastradas pela comunidade escolar, num trabalho que é financiado pelo governo estadual; mas o governo federal "já se prontificou a ajudar", disse a secretária, adiantando que a meta é beneficiar 178 escolas estaduais, até o final do ano.
Outra iniciativa que vem dando certo é o projeto Aliança Adolescente, de Pernambuco, onde os jovens participam de oficinas em que aprendem noções de cidadania, legislação, política e empreendedorismo. Eles ganham uma bolsa no valor de R$ 70 e usam o dinheiro para iniciar um pequeno negócio.
Já no sertão do estado, a palma (cactus nativo do México), antes destinada apenas á ração animal, vem servindo de alimento para a merenda escolar, graças a pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Xingó, da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). O vegetal, rico em aminoácidos, minerais, vitaminas C e complexo B, está sendo indicado em tratamento de hipertensão, diabetes, prisão de ventre e como antidepressivo.
Os alimentos resultantes da palma como sucos, bolinhos, geléias, biscoitos, entre outros, estão sendo degustados pelos participantes da Conferência no estande da Eletrobrás, que desde o ano passado estimula 254 projetos sociais em todo o país, com investimentos de R$ 10 milhões. A meta da empresa para este ano é aplicar R$ 300 milhões em 14 projetos sociais.
O mesmo caminho para fortalecer as políticas públicas de combate à miséria está sendo seguido pela Petrobras. A linha de atuação da empresa inclui projetos de educação e qualificação profissional de jovens e adultos, geração de emprego e renda, além de combate à prostituição infantil. De acordo com Leila Lopes, assistente técnica de administração da Petrobras, a meta é investir R$ 303 milhões até 2006 para beneficiar 4 milhões de pessoas na promoção de desenvolvimento com cidadania. (Márcia Wonghon)