''Mães do Rio'' pedem apoio a parlamentares para controlar a situação da cidade

17/03/2004 - 13h26

Brasília, 17/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O filho da carioca Euristéia de Azevedo foi morto aos 24 anos, em outubro de 1998, depois de uma discussão com policiais. Outras três pessoas que estavam com ele também foram mortas. Até hoje o inquérito policial não foi concluído. "Ainda nem fizeram o exame de balística", contou Euristéia. Ela e mais 35 mães de vítimas da violência no Rio de Janeiro estão em Brasília para pedir apoio dos senadores e deputados para controlar a situação na cidade.

Na semana passada, foram 19 mortes de moradores de comunidades pobres. A maioria, vítimas de confrontos com policiais militares. "A situação no Rio está caótica, porque as autoridades dizem que vão resolver e, passa um tempo, você vê os mesmos policiais em outro lugar, nas mesmas funções. Há policiais bons e policiais ruins. Esses entram, prendem, executam, fazem essas barbaridades e depois só respondem a um inquérito administrativo", reclama o estudante Alexandre Cesário, morador do Pavão Pavãozinho.

Segundo a presidente da Associação dos Moradores do Pavão Pavãozinho, Alzira do Amaral, os corpos dos três mortos no último confronto com policiais foram arrastados, morro abaixo, pelas escadarias. Foi o que motivou o protesto dos moradores em Copacabana, bairro nobre do Rio. "Ninguém agüenta mais. Todo mundo quer justiça, respeito e paz", disse Alzira. São histórias como essa, conhecidas pelos noticiários, que as chamadas "mães do Rio" querem contar pessoalmente aos parlamentares.

"O que está acontecendo é que só está mudando o personagem e o local. A violência no Rio de Janeiro perdeu o controle", defende Euristéia. Além de buscar justiça para a morte de seu filho, Euristéia disse que quer lutar por uma vida melhor para as próximas gerações. "Para nós talvez não sirva mais. Mas pode ser que para novas gerações, meus netos, meus bisnetos alguma coisa de bom eu tenha plantado, alguma arvorezinha melhor. Nós juntas, mães, podemos mudar o país? Podemos, porque nós somos mães, somos mulheres, somos a vida".