PF decide requisitar outra fita gravada pelo circuito interno do aeroporto de Brasília

05/03/2004 - 14h14

Brasília, 5/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Federal vai requisitar à Polícia Civil do Distrito Federal uma segunda fita que, segundo as investigações, contém outras imagens de um encontro entre o ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no aeroporto de Brasília. O vídeo foi gravado pelo sistema interno de segurança do aeroporto em 20 de maio de 2002.

Nesta sexta-feira, o policial civil Gilson Simões prestou depoimento ao delegado da PF Antônio César Nunes, encarregadao do caso. Simões deixou a Superintendência da Polícia Federal sem dar declarações. A PF acredita já ter indícios da participação de agentes civis na gravação das fitas.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal, Wellington Luiz Souza, por sua vez, negou o envolvimento de agentes no caso investigado pela PF. Ele acompanhou o interrogatório. Segundo ele, o policial civil retirou uma fita do aeroporto, mas o interesse não eram as imagens do encontro entre Diniz e Cachoeira. O objetivo, explicou Wellington Luiz Souza, era checar a versão de um suspeito de latrocínio, investigado pela Polícia Civil do DF. "Não tem nenhuma ligação com o fato Waldomiro Diniz. Eles (policiais civis) trabalharam de forma séria e responsável para chegar ao autor do latrocínio", afirmou.

Mais depoimentos

Antes de ouvir o policial civil Gilson Simões, o delegado César Nunes tomou o depoimento do funcionário da Infraero Leopoldo Eduardo Campos. O policial civil Delar Roberto Stecanela Savi também foi interrogado. A Polícia Federal investiga a possibilidade de Stecanela ter sido um dos homens que determinaram a gravação do encontro entre Diniz e Cachoeira.

Ao final do depoimento, Stecanela negou qualquer participação no monitoramento de Waldomiro. "Meu nome foi citado por engano por alguém da Infraero", disse. O agente destacou que, à época do registro das imagens pelo sistema de segurança do aeroporto, trabalhava na Administração Regional do Paranoá, cidade-satélite de Brasília. Stecanela ratificou a versão do presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF de que Gilson Simões solicitou a fita à Infraero para confirmar o álibi apresentado por um suspeito de latrocínio.

Segundo o delegado César Nunes, Simões também apresentou essa justificativa para o fato de ter retirado a fita do aeroporto. Após os três interrogatórios, o delegado preferiu não dar mais detalhes sobre o conteúdo dos depoimentos. Ele disse que antes de divulgar resultados das investigações sobre o caso é preciso esclarecer algumas contradições entre os depoimentos colhidos até agora.

O delegado informou que os próximos a serem ouvidos pela PF são o ex-diretor de marketing da Gtech Marcelo Rovai e o ex-presidente da empresa Antônio Carlos Rocha.