Museu de Entomologia da Unesp é referência na América Latina

05/03/2004 - 16h59

Brasília, 5/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - Com um acervo de cerca de 26 mil indivíduos de diversas espécies, o Museu de Entomologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), localizado em Ilha Solteira, no noroeste do estado, guarda duas das mais importantes coleções da América Latina. Uma delas é a de besouros da família dos Scolytidae, com cerca de cinco mil espécies coletadas nas américas do Sul, do Norte, Europa e Ásia.

O curador do Museu, o entomólogo Carlos Alberto Hector Flechtmann, docente do departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, explica que esses besouros são pragas florestais, responsáveis por prejuízos importantes em florestas de Pinus, Eucalyptus e também na cultura de café. O estudo do inseto é importante para o desenvolvimento de técnicas de combate, por isso o interesse pelo acervo. "Metade da coleção dos Scolytidae está nos Estados Unidos para ser identificada', diz Flechtmann.

A outra coleção do Museu é também de besouros, da família dos Scarabaeidae. Trata-se de insetos conhecidos popularmente como escaravelhos e rola bostas. Ao contrário dos Scolytidae, a ação dos Scarabaeidae é benéfica. Ele age em pastos destinados à bovinocultura, limpando a massa fecal deixada pelo gado. Esses excrementos, se deixados no solo, impedem o crescimento da vegetação. Enterrando a massa fecal, os Scarabaeidae ajudam no equilíbrio ecológico, da forma mais dinâmica possível.

Os nutrientes contidos nas massas fecais, e enterrados pelos rola bostas, contribuem na melhora das propriedades químicas e físicas do solo; as galerias abertas no chão proporcionam aumento da aeração e da infiltração da água da chuva e, ainda, promove o controle biológico das moscas parasitas do gado, que se desenvolvem nas massas fecais dos bovinos. "Esses besouros fazem tão bem o seu papel, a ponto de não serem percebidos", lembra Flechtmann. Ele conta que, em 1965, por falta desse inseto, a Austrália começou a perder seus pastos, e em função disso, precisou importá-los da África para removerem massas fecais.

Essas histórias servem para exemplificar a importância do Museu, cujas coleções são referências importantes para a identificação de espécies, para dar aula e para a pesquisa. Entre os exemplares guardados, há mariposas, borboletas, gafanhotos, libélulas, baratas e alguns insetos vivos, como o bicho-pau.

Manter o Museu em bom estado é uma tarefa que exige cuidados constantes. Com recursos da Fapesp, a entidade mantêm dez estagiários que, envolvidos em suas atividades de pesquisas, utilizam o laboratório e auxiliam na manutenção. O curador Flechtmann lembra que todos os insetos são montados e etiquetados de acordo com as normas internacionais. 'Nossas coleções vivem viajando', conta ele, um dos principais especialistas sul-americanos em pragas florestais, além de destacado estudioso de besouros. (Agência Fapesp)