Ida de Dirceu ao Congresso ''desanuviaria'' a situação do governo, afirma Suplicy

05/03/2004 - 17h34

São Paulo - A presença espontânea do ministro–chefe da Casa Civil, José Dirceu, ao Congresso foi defendida pelo senador Eduardo Suplicy durante a reunião da executiva nacional do PT, hoje na capital. Segundo Suplicy, o ministro deveria responder `as dúvidas que a oposição tem levantado, as quais considera naturais e legítimas. "Principalmente se Waldomiro Diniz cometeu alguma irregularidade na Secretaria de Assuntos Parlamentares da Casa Civil", afirmou.

Para Suplicy, a disposição de José Dirceu em ir ao Congresso seria a melhor maneira de "desanuviar" a atual situação do governo, além de a atitude ser um meio de o ministro agir da maneira que sempre pregou, em uma contribuição para a transparência dos fatos da administração pública. Suplicy lembrou afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que os ministros de seu governo compareceriam ao Congresso Nacional sempre que necessário. Entre os exemplos, citou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que já compareceu mais de uma vez ao Congresso. "O ministro considerado o mais importante do governo ainda não compareceu", salientou o senador petista, referindo-se a Dirceu.

Para a líder do PT no Senado, Ideli Salvati, a instauração de uma CPI para investigar os bingos e o caso Waldomiro Diniz seria um tiroteio desnecessário, que só serviria para paralisar as atividades e votações do Congresso. "É melhor sair desgastado com o país andando, retomando as vocações importantes, fazendo com que a retomada do desenvolvimento se viabilize", destacou.

Ideli classificou como "pouco ético" o comportamento do senador Magno Malta (PL-ES), que, de acordo com ela, queria algo em troca para não apresentar as assinaturas para o pedido de uma CPI (para investigar os bingos) que colhia junto com a senadora Heloísa Helena (sem partido-AL) ao mesmo tempo em que conversava com o PT sobre a possibilidade de apresentar ou não as assinaturas. "O que o Magno Malta queria foi a pergunta que a imprensa me fazia na quarta-feira. Registro aqui que conversar conosco e continuar articulando com a senadora Heloisa Helena já é um procedimento pouco ético", afirmou na sede do PT.

O caso Waldomiro Diniz é considerado "grave" pelo deputado federal Nelson Pellegrino. Ele enfatizou que, apesar da agilidade do governo em afastar e investigar o ex-parlamentar, o PT não deve ser associado ao caso. "Esse é um episódio que não faz parte da vida do partido. O PT tem na sua trajetória a ética e a moralidade como uma questão fundamental", disse, completando que o PT está unido para defender o governo e o ministro José Dirceu. "Houve uma tentativa de envolver o ministro José Dirceu, mas o desenrolar dos fatos tem demonstrado que ele não tem nada a ver com essa história".

Para Pellegrino, o governo tomou as medidas necessárias, e a instauração de uma CPI é dispensável: "CPI se faz quando é necessário. Nesse caso não há nenhuma denúncia que comprove que o Waldomiro atuou dentro do governo". Ele lembrou que a CPI protocolada no senado apuraria os bingos genericamente e não as ações do governo. "Nós não temos medo de enfrentar CPI, mas não vamos dar palanque para a oposição", finalizou.