Atingidos por barragens afirmam que política energética do governo desalojará 100 mil até 2007

05/03/2004 - 17h51

Brasília - O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou hoje documento em que critica a política energética adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O protesto conta com apoio do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, que reúne 43 movimentos sociais ligados à luta pela terra.

Segundo o MAB, a construção de 70 barragens até 2007, com aval do poder público, vai desalojar 100 mil pessoas. O levantamento indica que, nos últimos 45 anos, 1 milhão de pessoas, ou 340 mil famílias, foram expulsas de suas terras por causa das barragens. Dados do movimento revelam ainda que, de cada 100 famílias deslocadas, 70 nunca receberam indenização.

De acordo com o coordenador nacional do MAB, Gilberto Cervinski, os números mostram que as barragens não promovem tanto desenvolvimento como se espera. "A história mostrou que, nos últimos 40 anos, a construção das barragens produziu milhares de famílias sem terra. E a tendência é continuar, se for mantida a política dos governos anteriores. Essa política de construção de barragens foi ensinada na ditadura militar. E as empresas do setor elétrico entendem que assim é que se devem tratar as famílias de agricultores".

O coordenador critica também o fato do governo não ter ouvido os movimentos sociais na elaboração do novo modelo do setor elétrico. Segundo o Ministério de Minas e Energia, em setembro de 2003 foi criado um grupo interministerial, coordenado pela Casa Civil, para analisar a situação das famílias atingidas pelas barragens. O grupo, composto por 14 ministérios, teria até o próximo dia 12 para entregar um relatório sobre a questão, mas os trabalhos devem ser prorrogados por mais 60 dias.