Diretor diz que ex-coordenador do Cemo usava clínica particular na indicação de transplantes

03/03/2004 - 21h34

Brasília, 3/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - No segundo dia de depoimentos na Comissão Externa da Câmara dos Deputados que apura irregularidades nos procedimentos de transplantes de medula óssea, foi ouvido hoje o diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Arthur Chioro. O diretor apresentou uma nota técnica da auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS), feita no Instituto Nacional do Câncer (Inca) e no Centro de Transplantes de Medula Óssea (Cemo) que aponta que o Dr. Daniel Tabak, ex-coordenador do Cemo, encaminhava oito vezes mais pacientes particulares do que pacientes do Inca na lista de busca de transplantes. As indicações do Dr. Tabak teriam sido de pacientes de uma clínica particular de sua propriedade.

Durante a audiência Arthur Chiaro afirmou que um dos maiores problemas nos procedimentos de transplantes de medula óssea no país, era a falta de transparência no centro de transplantes, anteriormente dirigido por Tabak. O diretor do ministério disse que somente após a saída do ex-coordenador do Cemo foi possível fazer um levantamento da lista de transplantes. "Só tenho como afirmar o que tem na lista depois de 26 de janeiro. Antes, não tenho como confirmar nada".

Ele negou qualquer participação do órgão ou do ministro Humberto Costa no andamento das listas de pacientes em condição de ser transplantado.

Na próxima semana a Comissão da Câmara deve ir ao Rio de Janeiro para visitar o Inca e ouvir o diretor geral do instituto, José Gomes Temporão. Os deputados ainda aguardam os depoimentos do ex-coordenador do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Diogo Mendes, e da ex-coordenadora do Redome (Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea), Iracema Salatiel, ambos exonerados pelo ministro Humberto Costa na semana passada após sindicância do Ministério da Saúde.