Petrobras estuda dobrar processamento de pneus velhos

03/03/2004 - 14h39

Murilo Ramos
Enviado especial

Salvador - Em todas as grandes cidades, milhares de pneus velhos são abandonados diariamente, trazendo preocupação às prefeituras e institutos de defesa ambiental. Isso porque são abandonados em aterros, rios ou até mesmo nas ruas, sem nenhum planejamento.

Uma iniciativa da Petrobras no Paraná, no entanto, sinaliza uma solução para o problema. Cerca de 12 mil pneus, picotados, são processados por dia. Do processamento, é possível extrair óleo e, com tratamento, até fertilizantes para serem usados na agricultura.

A meta da Petrobras é incrementar o serviço. De acordo com o consultor Waldir Martignoni, responsável pelo empreendimento, estuda-se processar os pneus em duas unidades (hoje é feito só em um lugar), o que permitiria alcançar entre 20 e 30 mil por dia.

Ele conta que, graças à experiência, não há mais pneus velhos nas cercanias de Curitiba. "As coletas dos pneus já estão sendo feitas em outros estados, como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina".

Martignoni afirma que o negócio não é lucrativo para a empresa, pois o processamento é oneroso. No entanto, vê vantagens ambientais que justificam o procedimento. "A dengue é um claro exemplo. As águas que se acumulam nos pneus são um perigo do ponto de vista da saúde pública. Sem contar que esse pneu velho, processado, pode se tornar pneu de novo. Com isso, há economia de matéria-prima", ressalta.

Se o processamento ainda não traz lucro para a estatal, agrada a catadores de lixo. Ainda de acordo com Martignoni, para cada pneu resgatado e encaminhado às empresas, o catador ganha R$ 0,50. "Para ganhar o mesmo catando latas, o trabalhador tem de levar quilos e mais quilos. O pneu velho, antes abandonado, está sendo visto com bons olhos", diz.

* O repórter está em Salvador a convite da Revista Imprensa, que realiza o "Fórum Internacional Petróleo, Meio Ambiente e Imprensa".