Força Sindical quer nova MP que permita funcionamento de bingos até a regulamentação

03/03/2004 - 14h10

Ellis Regina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O desemprego será o principal argumento que a Força Sindical utilizará hoje, em reunião com representantes do governo, para pedir a edição de uma nova Medida Provisória que garanta os empregos dos trabalhadores das casas de jogos e que permita o funcionamento dos bingos até que a questão seja regulamentada definitivamente. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, "Paulinho", levou esta mensagem ao presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), acrescentando que o governo precisa começar a fazer as contas. Segundo ele, R$ 600 milhões de seguro-desemprego deverão ser pagos aos trabalhadores que perderem a ocupação, devido à Medida Provisória 168/04 que proibiu o funcionamento de bingos e máquinas caça-níqueis em todo o país.

Em encontro de pouco mais de uma hora com João Paulo hoje de manhã, o dirigente sindical ouviu do parlamentar que caso o governo mantenha a MP 168/04, haverá uma ampla discussão sobre o assunto na Casa. João Paulo concordou que não existe somente contravenção no setor. Por outro lado, observou que a iniciativa de mudanças deve partir do executivo.

A base governista se mantém firme no apoio à MP. O vice-líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP), disse hoje que a posição do governo é clara: "não há nenhuma possibilidade de se voltar a ter o funcionamento de bingos e caça-níqueis no país". A bancada petista na Câmara se reuniu hoje para discutir a questão. Segundo Luizinho, a única alteração possível na medida provisória encaminhada pelo governo será a inclusão de outros setores que não foram contemplados pela MP. "Ou seja, só para agravar, para aliviar não existe nenhuma possibilidade. É preciso fazer com que todos os setores sejam atingidos para que se evite o jogo de azar no país", destacou o parlamentar.

O presidente da Federação Brasileira dos Bingos (Febrabingo), Olavo Sales da Silveira, por sua vez, cobrou do governo uma posição mais neutra em todo o processo. De acordo com ele, a MP dos bingos precisa ser vista com um certo distanciamento dos episódios políticos recentes. Ele pede que a MP permita o retorno do funcionamento dos jogos e sugere a formação de uma comissão interministerial para regulamentação de lei que permita ao bingo cumprir sua "função social". "É preciso separar o joio do trigo, se é que há joio nessa história. O bingo não é jogo do bicho, não é contravenção", frisou.

Paulinho, da Força Sindical, disse que espera hoje uma sinalização do governo de que está disposto a negociar. Caso o impasse prossiga, ele ameaça mobilizar os trabalhadores e sindicalistas para que permaneçam acampados em frente ao Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. "Não podemos sair daqui de mãos abanando", ressaltou.

A reunião com a equipe do governo está marcada para 16h. Participarão do encontro os ministros Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, e Ricardo Berzoini, do Trabalho e Emprego.