Brasília, 17/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - "O setor de turismo tem expectativas de melhoria em quase tudo. Se a economia crescer 3,5% em 2004, teremos crescimento de 7% no setor". O otimismo é do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, que divulgou hoje a primeira edição do Boletim Desempenho de Turismo, uma pesquisa qualitativa com dados sobre a situação econômica do setor a cada três meses. O boletim será divulgado a cada três meses.
Trabalho conjunto realizado pela Fundação Getúlio Vargas, Ministério do Turismo e Embratur, a pesquisa entrevistou 799 empresários e mostra qual o lucro obtido no período de outubro a dezembro de 2003 e as expectativas do setor para o primeiro trimestre e para o ano de 2004.
Os números aferidos pela pesquisa parecem justificar o otimismo do ministro. De acordo com dados do boletim, 99% das operadoras de turismo receptivo, 90% das agências de viagens e 74% dos hotéis esperam aumentar seu faturamento este ano.
Embora existam 52 áreas que interajam com o setor de turismo, o boletim pesquisou apenas as seis mais importantes, que são Hotelaria, Agências de Viagem, Operadoras de Turismo, Operadoras de Turismo Receptivo (especializadas em trazer turistas estrangeiros), Restaurantes e Promotores de Feiras e Eventos.
O ministro ressaltou que o investimento em turismo é uma forma eficiente de criação de empregos e de fortalecimento das pequenas e microempresas. De acordo com dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 95% das empresas que trabalham com turismo no Brasil têm menos de 30 empregados.
Apesar das estatísticas justificarem o otimismo, Mares Guia listou a condição da infra-estrutura viária e aérea e o financiamento de empresas da área de turismo como problemas que devem ser solucionados à curto prazo para alavancar o desenvolvimento do setor no país.
O ministro afirmou que reuniões já foram feitas com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para que sejam liberadas verbas para a manutenção das estradas que se encontram em situação mais precária. No que diz respeito à aviação, Mares Guia disse que não há possibilidade de atingir a meta de 65 milhões de desembarques domésticos com a malha aérea comercial que temos hoje e apontou qual é a solução do ministério. "As empresas aéreas são concessões. Temos que estabelecer quais são os objetivos delas do ponto de vista do Estado, quais são os destinos que têm que ser atendidos pela aviação civil, mesmo que seja necessário suplementação tarifária", explicou.
Quanto ao financiamento para o setor de turismo, o ministro afirmou que vários órgãos do governo estão disponibilizando verbas desde o ano passado. Ele citou como exemplo o Banco do Brasil (R$ 200 milhões), o BNDES (R$ 500 milhões), a Caixa Econômica (R$ 400 milhões) e os fundos constitucionais (R$ 700 milhões). "São quase R$ 2 bilhões de créditos à disposição do setor. Pelas informações que temos, os bancos não estão conseguindo emprestar na velocidade que precisam, o setor não está demandando o volume que precisa e há uma diferença grande entre o que setor pode pleitear e os bancos podem atender". Mares Guia afirmou que esta situação é conseqüência do exagero de garantias e burocracia, o que dificulta o crédito ao setor porque a maioria são pequenas, médias e microempresas.
Apesar de concordarem com as observações do ministro, os entrevistados na pesquisa citaram a escassez de mão-de-obra qualificada como o maior entrave para o desenvolvimento do setor de turismo. Essa opinião é quase uma unanimidade (88%) entre os empresários que trabalham com operadoras de turismo receptivo. Como exemplo, foi lembrada a carência de guias certificados. No Brasil, há apenas 25 mil profissionais, mas a demanda é de 500 mil.
Mares Guia concordou com a reivindicação e afirmou que o ministério criou a Diretoria de Capacitação, Qualificação e Produção Associada ao Turismo para solucionar o problema. "Temos dinheiro no orçamento só para qualificação, com recursos do FAT, do SEBRAE, do SENAC e das universidades, todos gratuitos. Tem uma série de ofertas, mas não tem havido uma demanda organizada", justifica.
Segundo o ministro, este é um ponto em que o ministério do turismo fará uma revolução nos próximos quatro anos, porque tem uma política estabelecida e um esquema nacional de certificação, desenvolvidos em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), com o Serviço Nacional do Comércio (SENAC), com o SEBRAE e com as universidades.
O Brasil recebeu 4,3 milhões de turistas estrangeiros em 2003 (um aumento de 500 mil em relação ao ano anterior) e o governo tem expectativas de que cinco milhões venham ao Brasil este ano. A renda gerada pelos visitantes corresponde a 3% do PIB brasileiro.
Walfrido dos Mares Guia afirmou que, se a expansão do setor for permanente, será possível cumprir as metas do ministério para 2007: criar em cada estado três produtos turísticos de qualidade internacional, gerar 1,2 milhão de empregos, atrair 9 milhões de turistas estrangeiros e atingir US$ 8 bilhões em divisas e 65 milhões de desembarques domésticos.