Janaína Almada
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem intensificado os projetos de cooperação com países africanos. Em março, técnicos da estatal brasileira vão à Namíbia para colocar em prática o acordo de parceria firmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de 2003, quando visitou aquele país. O interesse da Namíbia é poder plantar frutas como manga, mamão, abacate e frutas cítricas, em especial a laranja de alta qualidade. Além disso, o cultivo da soja na região também será estimulado.
Como o solo namibiano é muito pobre, as forrageiras, técnica utilizada no Brasil para a recuperação de solos degradáveis, também será levada ao país africano. A ajuda brasileira reforça a tentativa de erradicar a fome na região.
Essa parceria, no entanto, não será apenas em benefício dos africanos. Ao oferecer a tecnologia para as plantações, o Brasil irá ter acesso ao germoplasma, material genético das plantas do país.
A mandioca e a manga africanas são de espécie diferentes das do Brasil. Conhecendo esse material genético, será possível avançar nas pesquisas brasileiras. A Embrapa terá acesso, também, a alimentos, grãos e ao processo de cultivo africano. Além disso, a parceria com outros países, com o objetivo de trocar informações, poderá favorecer o Brasil na abertura de novos mercados comerciais.
Experiências com a Namíbia
O primeiro projeto fechado entre o Brasil e a Namíbia foi feito em 1996 e durou apenas dois anos. Apesar de ter sido uma parceria que deu certo, o projeto não teve continuidade. As parcerias entre Brasil e África são proveitosas, pois ambos têm características muito próximas como, por exemplo, o clima. Atualmente, a África trabalha com a agricultura de subsistência. Por isso, tem a Embrapa como um espelho, já a instituição desenvolve grandes pesquisas e tem muita experiência no setor.
Outras experiências
A troca de experiências da Embrapa com outros países do mundo é frequente. Grande maioria dos países africanos de língua portuguesa já contam com o apoio das pesquisas brasileiras. A ida de pesquisadores para esses países, com o objetivo de prestar consultoria em diferentes áreas, abrangendo distintas culturas, provocou o aumento de demanda pela cooperação brasileira no setor agrícola, por parte da África, tais como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Namíbia.
Além da África estão sendo desenvolvidos trabalhos conjuntos nas áreas de biotecnologia, recursos genéticos, agroindústria e recursos naturais com países como a Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana e Suriname.