EUA poderiam apoiar substituição do presidente do Haiti

13/02/2004 - 7h17

Brasília - Representantes da Organização dos Estados Americanos(OEA), dos países do Caribe e dos Estados Unidos e Canadá se reúnem hoje em Washington para discutir a crise no Haiti, em meio as informações contraditórias sobre a posição dos norte-americanos em relação à permanência do presidente Jean-Bertrand Aristides no poder.

A Casa Branca poderia apoiar uma substituição do presidente do Haiti, que enfrenta uma insurreição armada, informou ontem o jornal norte-americano Washington Post.

Pelo menos cinqüenta pessoas morreram nos seis últimos dias de enfrentamentos entre várias facções rebeldes que lutam pela renúncia do presidente.

Nessa quinta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, disse que os Estados Unidos estão decepcionados com a presidência de Aristides.Mas descartou apoio à renúncia do presidente haitiano. "A posição da administração Bush não é de mudança do governo. O presidente Aristides é o presidente eleito", disse o secretário em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Grupos que fazem oposição formal ao governo culpam Aristides pelo caos. E não querem qualquer saída negociada para a crise, antes da renúncia do presidente. Eles nunca aceitaram os resultados das eleições legislativas de 2000, consideradas fraudulentas por observadores internacionais, o que gerou boicote à eleição presidencial no mesmo ano. Embora o processo eleitoral tenha sido considerado legítimo, Aristides foi reconduzido ao poder pelo voto de apenas um quarto da população.

O levante atual , segundo a oposição, deve-se ao medo de que Aristides manipule as eleições legislativas deste ano e consiga a indicação para um terceiro mandato.

No final do ano passado, os grupos legais de oposição passaram a comandar grandes manifestações pelo saída de Aristides. Agora, o país está sendo disputado também por gangues, saqueadores e rebeldes armados que se dizem remanescentes das milícias criadas pelo próprio presidente para se defender de tentativas de golpe. Há ainda grupos formados por militares e representantes das forças de segurança do ex-presidente Duvalier, expulso do poder com a ajuda dos Estados Unidos.

O governo haitiano não faz qualquer distinção desses grupos. E acredita que eles querem a volta ao poder da elite que governou o país durante a ditadura Duvalier.

O país já enfrenta o desabastecimento de comida e combustíveis. Os Estados Unidos temem nova onda de refugiados na costa da Flórida.

As informações são da Rádio Nederland e da CNN