Spensy Pimentel
Enviado especial
Goiânia - O Instituto Cidadania, organização não governamental que criou o Fome Zero, prepara-se para propor ao governo federal uma política nacional para a juventude. O plano será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva até junho e deve sugerir a criação de um órgão em nível federal para cuidar do tema.
Essa unificação de gestão é um dos temas que deve ser debatido pelo grupo interministerial recentemente criado para analisar os programas dessa área. Segundo a Secretaria Geral da Presidência da República, que coordena esse trabalho, o governo federal mantém hoje 26 programas voltados para a juventude, em 12 diferentes ministérios.
O Instituto Cidadania é uma ong de São Paulo onde, sob a coordenação do presidente Lula, foi elaborada grande parte do seu programa de governo, entre 2000 e 2002. Dali saíram planos como o Fome Zero, que unificou os projetos federais no campo da segurança alimentar. Também se originaram do instituto idéias como a criação do Ministério das Cidades e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, no âmbito do Ministério da Justiça.
Todas as iniciativas surgiram a partir da constatação de que a pulverização dos programas voltados para as políticas urbanas ou de segurança pública fazia diferentes áreas do governo "baterem cabeça" e desperdiçar recursos financeiros e humanos. A idéia é sugerir ao governo várias soluções para atacar o problema também nos projetos voltados para a juventude.
O cientista político Paulo Vannuchi, um dos coordenadores do Projeto Juventude, explica que ainda não está definido o tipo de instituição mais adequado para administrar essas políticas, em nível federal. "Em abril, vamos realizar um seminário internacional com doze países para ouvir relatos de outras experiências e descobrir as melhores", afirma. Ele conta que no México, por exemplo, existe um instituto nacional para cuidar da questão, o que possibilita maior flexibilidade para captar recursos privados. Em outros países, há ministérios, secretarias e até órgãos ligados ao partido único, como é o caso da China.
Como no caso do Fome Zero, o Projeto Juventude deve também fazer sugestões para ações em nível estadual e municipal, além de iniciativas de ongs e movimentos sociais. Entre as atividades do projeto, está ainda uma pesquisa nacional para traçar o perfil social e econômico da juventude brasileira. O estudo deve ficar pronto em fevereiro. Também estão sendo criados bancos de dados na internet sobre experiências de políticas públicas para jovens. Além disso, devem ser publicados livros sobre o tema.
Para saber mais sobre o Projeto Juventude: www.projetojuventude.org.br