Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - A taxa de desemprego em 2003 foi de 12,5%, contra 11,7% do ano anterior. A renda média do trabalhador brasileiro também caiu no ano passado. A perda ao logo do ano foi de 12,5%. Os mais prejudicados foram os que trabalham por conta própria, que amargaram uma redução de 19% nos rendimentos, seguidos pelos trabalhadores do setor privado que não têm carteira assinada, com 12,1% e os com carteira assinada, que perderam 4,6% do poder de compra do salário. Os dados constam da Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o resultado revela "uma brutal transferência da renda do trabalhador para os banqueiros, e mostra que o país enfrenta um quadro recessivo que pode agravar ainda mais a situação social". O economista defendeu uma mudança radical na política econômica brasileira e disse que, se "for feita uma comparação do desempenho do primeiro ano de governo do presidente Lula com os governos anteriores, é possível constatar que desde 1985, época do regime militar, o trabalhador não enfrentava um quadro tão difícil de perda de renda real e desemprego, combinadas à alta taxa de juros".
Apesar do resultado anual negativo, a pesquisa revelou melhora no nível de emprego em dezembro de 2003, comparado a novembro. A taxa de desemprego caiu 1,3 ponto percentual em relação a novembro e ficou praticamente estável em comparação à taxa de dezembro de 2002, que foi de 10,5%.
Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, a taxa média de desemprego foi de 10,9%. Em relação a novembro, quando a taxa de desocupação ficou em 12,2% , a queda foi significativa em todas as áreas pesquisadas. Os números do IBGE revelam ainda que a taxa de ocupação em dezembro de 2003 ficou em 89,1%: 2,3 milhões de pessoas estavam desempregadas contra 18,9 milhões que conseguiram uma colocação no mercado de trabalho. Isso representa estabilidade, na comparação com novembro do ano passado, e aumento de 4,5% em relação a dezembro de 2002.
Em dezembro de 2003, 812 mil pessoas conseguiram trabalho, mas a pesquisa revelou que a maioria foi para o mercado informal ou foi para o setor privado, sem carteira assinada. Os setores de comércio e serviços foram os que mais contrataram.