Brasília, 12/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os produtores de camarão do Brasil e de mais cinco países (China, Tailândia, Vietnã, Índia e Equador), estão sendo acusados por produtores norte-americanos pela prática de dumping. Os seis países, os maiores produtores, receberam um questionário emitido pela Comissão Internacional do Comércio (ITC) dos Estados Unidos, para avaliar a veracidade das acusações. De acordo com Aroldo Lima Neto, conselheiro da Associação Brasileira dos criadores de camarão (ABCC), o Brasil tem até o dia 15 de janeiro para entregar o questionário respondido. "A ABCC contratou um escritório de advocacia, nos Estados Unidos, para cuidar da nossa defesa. Os advogados estão no nordeste ajudando os produtores a responder os questionários", ressalta Aroldo Neto.
O Brasil contratou o escritório individualmente e os custos, de US$ 2 milhões, serão pagos pela ABCC. De acordo com o ministro da Secretaria Especial da Agricultura e Pesca, José Fritch, o governo federal não pode ajudar financeiramente com esses gastos. "Se ajudássemos a ABCC a pagar, estaríamos contribuindo para que os Estados Unidos nos acusassem de praticar dumping. Isso não é verdade. Os produtores não recebem subsídios do governo para subsidiar a produção", afirma Fritsch.
À tarde, ele irá se reunir com a embaixadora norte-americana, Donna Hrinak, para tentar uma negociação diplomática. O secretário vai propor aos técnicos norte-americanos que venham até o Brasil. "Queremos sensibilizar o governo norte-americano de que não há nenhuma prática de preço abaixo de custo na exportação do camarão. Nós queremos mostrar que nós temos produtividade, tecnologia, e que a nossa produção está acima da média nacional. Por isso, nós temos a possibilidade de vender o nosso camarão a um menor preço a nível internacional. Uma equipe técnica de americanos será convidada para conhecer nosso sistema produtivo e nossa linha de crédito, para comprovarem que não temos nada a esconder", afirma.
Segundo Fritsch, a alta produtividade brasileira se deve ao bom clima do país, com sol durante o ano inteiro. "O Brasil produz durante todo o ano, enquanto países como a China produzem apenas durante seis meses. Com isso, não precisamos investir apenas nos camarãoes maiores e mais caros", observa. Além da produção durante todo o ano, o Brasil investe também na criação cativeiro, o que dá possibilidade de criação de camarões menores e, conseqüentemente, mais baratos.
De acordo com Fritsch, a carcinicultura está sendo uma produção muito lucrativa no Brasil. Além da receita gerada a partir das exportações, a produção gera, apenas no nordeste, região que detém 90% da produção nacional, 50 mil empregos.
Em 2003, as exportações geraram uma receita de US$ 220 milhões. Foram produzidos no total 90 mil toneladas, sendo que dessas 60 mil foram exportadas. "Os Estados Unidos são o nosso maior comprador individual, cerca de 40% da produção foi exportada apenas para lá", afirma Aroldo Neto. Para 2004 a expectativa de produção é de 120 mil toneladas e 90 mil toneladas apenas para a exportação, receita de aproximadamente US$ 360 milhões.