Universidade do Sul constrói protótipos de habitação social

05/01/2004 - 16h41

Brasília, 5/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - Em sistema de autoconstrução, realizado com a participação de famílias dos futuros moradores, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) ergueu cinco protótipos voltados à habitação social. O objetivo das construções é associar
aspectos técnicos e econômicos para proporcionar condições dignas de moradia.

As casas foram construídas nas cidades de Santa Maria e de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. A iniciativa tem recurso da Fiamciadora de Estudos e Projetos (Finep), dentro do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), da Caixa Econômica Federal e Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac).

De acordo com o professor da UFSM , José Mario Doleys Soares, levando em conta as condições climáticas do Rio Grande do Sul, foi necessário projetar utilizando um sistema
construtivo racionalizado. Também foi levado em conta o conforto térmico do usuário - característica muitas vezes deixada em segundo plano em habitações de caráter social. Por
isso, optou-se pelo uso de blocos cerâmicos, que têm um desempenho térmico e acústico satisfatórios para a realidade gaúcha.

Em termos de inovação, foi adotado um sistema construtivo de alvenaria estrutural, com blocos cerâmicos com vazados na vertical. Os blocos vazados permitem a passagem das instalações elétricas e hidráulicas, o que evita os "rasgos" nas paredes, comuns em construções convencionais, diminuindo o entulho na obra e permitindo a exposição, na alvenaria, da
aparência natural do bloco. Além disso, as dimensões moduladas em função dos blocos eliminam a necessidade de quebras, reduzindo a quantidade de entulho. A família de blocos é composta de peças específicas para cada função (bloco para instalação elétrica, canaleta para execução de
vergas e contravergas, etc) o que simplifica a execução.

"A utilização de madeiramento e formas para peças de concreto armado é praticamente inexistente. Além disso, as faces do bloco são lisas, o que, externamente, contribui na redução da
espessura do revestimento, e internamente, permite a eliminação deste, deixando-se a alvenaria aparente", explica o professor. Para facilitar a construção por parte dos moradores, foram desenvolvidos manuais contendo todos os detalhamentos e orientações técnicas.

Concluídos, os protótipos serão acompanhado e suas características monitoradas por pelo menos cinco anos. Serão avaliados critérios como a satisfação dos moradores, a utilização dos espaços projetados, a ocorrência de patologias e o desempenho da habitação frente aos índices aceitáveis de conforto ambiental térmico, acústico e lumínico.

Segundo Soares, por sua facilidade de construção e redução de desperdícios, a tecnologia pode ser difundida para outras famílias. "A tipologia leva em consideração o contexto cultural e social da região. Além disso, optamos pelo bloco cerâmico devido à força da indústria cerâmica no estado e esperamos que a transferência dos modelos seja simples e exitosa". (Ascom UFSC)