Brasília, 5/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - Investimentos em defesa sanitária e ações de marketing são as principais estratégias de exportadores brasileiros de carne bovina para conquistar os mercados antes abastecidos pelos Estados Unidos que passa pela crise da vaca- louca. Este foi o resultado da reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, realizada hoje com representantes de produtores e exportadores de carne bovina e o Ministério da Agricultura.
A idéia é conquistar o mercado americano e países da Ásia, como Coréia e Japão. Atualmente o Brasil atende a 50% do mercado externo. Os produtores ainda estão avaliando o impacto da vaca -louca para prever um possível aumento das exportações. Isso porque os consumidores podem dar preferência à carne branca, por exemplo.
Na reunião o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ouviu sugestões dos produtores e exportadores e foram criados três grupos de trabalho que apresentarão relatório, na próxima quinta-feira, para então definir as estratégias de atuação do governo federal e dos produtores. "O governo não pode ser um obstáculo, mas sim uma alavanca. Por isso criamos os grupos de discussão", afirma o ministro. O primeiro grupo irá definir quais são as ações de mercado, como acordos sanitários e de marketing. O segundo grupo irá reunir informações técnicas que provem que o Brasil não corre o risco de desenvolver a Vaca Louca. Já o terceiro irá realizar um planejamento da defesa sanitária. Segundo o ministro, a previsão é de que sejam investidos mais R$ 60 milhões na defesa sanitária, além dos R$ 68 milhões previstos no orçamento, este ano. Segundo o ministro, a previsão de aumento do consumo de carne no exterior é de 10 a 15% para este ano, isso se as condições de mercado continuarem estáveis.
Já o diretor executivo da Associação Brasileira dos Industriais Exportadores de Carne (Abiec) Antônio Camardelli, ainda não arrisca uma previsão sobre o aumento do consumo de carne bovina brasileira no exterior. "Se levarmos em conta que o Brasil tem boa genética, um bom parque industria, boi verde e proteção sanitária, nós com certeza estaremos mais presentes no mercado externo, mas ainda não é possível prever isso em números", afirma Camardelli.
Para o presidente da Confederação Nacional da Agricultura de Pecuária (CNA), Antenor Nogueira, o primeiro passo para aumentar as exportações brasileiras é vencer as barreiras sanitárias impostas pelos Estados Unidos e investir no marketing da carne brasileira no exterior. "Mercados como o da Coréia e Japão se baseiam nas normas sanitárias americanas para permitir a abertura das importações", afirma Nogueira.
O principal medo do mercado externo é a febre aftosa, que o Brasil já eliminou. "O Estados Unidos já realizaram todas as vistorias e auditorias no Brasil. Nossa expectativa é de que até 2005, o mercado americano estará aberto para a carne in natura brasileira", prevê.
Para isso, os relatórios americanos sobres as questões sanitárias brasileiras deverão ser encaminhados para audiências públicas nos próximos meses, conforme normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). E posteriormente o Senado americano pode estabelecer as cotas para importação de carne bovina brasileira.
O presidente da CNA ressalta ainda que os produtores precisam investir no rastreamento dos animais vindos dos Estados Unidos para o país, como uma forma de controle e garantia.
Segundo a ABIEC, o Brasil exportou US$ 1,5 bilhão de carne bovina em 2003, o que corresponde a 1,2 milhão de toneladas. O principal mercado é a União Européia que consome a carne in natura.