Brasília, 30/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e a Organização Não-governamental Vidamar lançam no próximo dia 10 de janeiro, em São Francisco do Sul, litoral norte de Santa Catarina, o Projeto Meros do Brasil, iniciativa que tem o apoio do Petrobras e do Ministério do Meio Ambiente, por meio do Ibama. O projeto é executado desde 2002, e nestes quase dois anos de atuação, já conseguiu feitos importantes como a aprovação de uma portaria governamental para a preservação da espécie.
À primeira vista, o Mero (Epinephelus itajara), parece uma garoupa gigante, com um formato arredondado e mais de dois metros de comprimento. O peixe é dócil dai a facilidade em ser capturado por mergulhadores. Presente na crescente lista de espécies ameaçadas em todo mundo, é recente os estudos científicos sobre a espécie, iniciados pelos pesquisadores do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Univali e da Universidade de Açores, Portugal, com apoio da Vidamar.
"Nossa intenção com a formação da Ong era a contenção da captura desenfreada do Mero, troféu de caça submarina há muitos anos em todo o país", comenta o presidente da Vidamar, Fabio Ottini de Brito. De acordo com o pesquisador Maurício Hostim Silva, existem poucas informações científicas sobre a espécie no país. "As pesquisas iniciais se concentram numa população ocorrente nas ilhas costeiras do litoral norte do estado, especialmente em frente ao Balneário de São Francisco do Sul", informa.
Ele conta que a proposta do projeto é expandir o raio de ação para outros pontos do litoral catarinense e do país, a fim de identificar outros locais de ocorrência da espécie e seu período de reprodução. "Até o momento, os estudos indicam que este período de reprodução ocorre em dezembro, mas ainda não podemos afirmar", ressaltam os pesquisadores.
Estas primeiras informações, somadas a uma iniciativa ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica, levaram à tramitação de uma portaria no Ibama que prevê cinco anos de proibição de sua captura em todo o litoral brasileiro. "Trata-se de uma das maiores espécies de peixes que vivem em nosso litoral e muita coisa ainda falta saber sobre seu ciclo de vida. Estamos dando o primeiro passo para preservar esta importante espécie", comenta Brito.
Conheça o Mero
O Mero é carinhosamente chamado de o "Senhor das Pedras", devido à sua preferência por ambientes de costões rochosos e parcéis. Já se sabe que a espécie habita freqüentemente as estruturas de empresas petrolíferas, tais como plataformas de exploração, e até mesmo os dutos de mono bóias, como as utilizadas em São Francisco do Sul, devido aos nichos ecológicos formados por organismos marinhos que se fixam nestes materiais submersos.
O mero é da mesma família das garoupas e dos chernes, também bastante apreciado pela culinária catarinense. Suas maiores capturas são realizadas pela pesca submarina. "Como são peixes robustos que podem atingir até 400 kg e com mais de 2 metros de comprimento, não temem o homem, e pela sua característica dócil, são alvos fáceis de caçadores submarinos", concluiu Hostim
Mais informações sobre o "Projeto Meros do Brasil" podem ser obtidas com o professor Hostim, pelo telefone (47) 9902.0392, ou na Ong Vidamar, com Lílian Simone Costa, pelo telefone (47) 9987.0095.