Construção de represas aumenta a população de piranhas

29/12/2003 - 16h18

Brasília, 29/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Segundo informações publicadas pela revista científica Wilderness and Environmental Medicine os recentes ataques de piranhas a banhistas na região sudeste do Brasil podem ter como causa o crescimento populacional da espécie facilitado pela construção de represas que diminuem a vazão dos rios. A piranha, de acordo com os especialistas, é um peixe que prefere procriar em águas mais calmas.

A revista cita como exemplo uma sequência de ataques em Santa Cruz da Conceição (SP), pricipalmente nos fins de semana quando os rios são mais procurados pelas pessoas, depois que o seu principal rio da cidade, o Mogi Guaçu, foi represado. Os rio são habitadas por piranhas há vários anos, mas, segundo os autores do relatório, não havia registros de ataques. Eles começaram a ocorrer há quatro anos, atingindo seu pico no verão de 2002, quando foram registrados 38 ataques ao longo de cinco fins de semana.

O aumento no número de incidentes ocorreu após a construção de uma represa no rio. "Isso é uma conseqüência direta do represamento. Quando se constrói uma represa, se cria condições ideais para o aumento na população de piranhas", diz o professor Ivan Sazima, da Unicamp.
De acordo com ele, o represamento pode causar um aumento de até dez vezes no número de piranhas.

Os peixes depositam seus ovos em plantas aquáticas nos trechos mais calmos do rio e "as mordidas ocorrem principalmente quando as pessoas andam ou nadam perto dos "ninhos" das piranhas", explica o professor. O peixe normalmente morde a pessoa uma única vez, arrancando um pedaço da carne.