Brasília, 15/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - "Ano novo, vida nova e a luta continua sempre". A frase da senadora Heloísa Helena (sem partido-AL), ao agradecer em plenário a solidariedade que teve de parlamentares e servidores no Congresso pela sua expulsão do PT, também serve para o partido que ajudou a fundar. Se os dissidentes expulsos buscam novos rumos com a possível fundação de um novo partido socialista, o PT estancou uma sangria que lhe causou muitos desgastes neste ano.
Este é o raciocínio do vice-líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), para quem as expulsões de Heloísa Helena e dos deputados João Fontes (SE), João Batista Babá (PA) e Luciana Genro (RS) foram "divórcios litigiosos e, por isso, doloridos".
Para o vice-líder, agora comos quatro parlamentares na oposição, será mais fácil negociar com eles futuras votações de interesse do governo. "Feito o divórcio, é possível que estejamos mais vezes juntos do que quando estávamos sob o mesmo partido", afirmou Luizinho. Acrescentou que o PT sai fortalecido deste processo uma vez que preservou a maior de suas características: a unidade de ação.
O professor Luizinho descartou que o partido esteja "à cata" de parlamentares para recompor sua bancada. A seu ver, o crescimento será natural nas próximas eleições. Ele também não acredita que a saída dos quatro parlamentares vá abrir a porta para novas debandadas de membros que não se afinam com a atual política do governo.
Para a deputada Luciana Genro (sem partido-RS), uma das punidas, a expulsão dos radicais abriu, sim, a porta de saída de outros representantes da base petista. O presidente da Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes), Luis Carlos de Lucas, por exemplo, está se desfiliando do partido. "O PT no Rio Grande do Sul sempre foi forte e de esquerda. Muitos militantes do estado já estão saindo", afirmou.
Das 7 mil assinaturas que os radicais dizem ter colhido contra as diretrizes assumidas pelo governo federal, 2 mil são de gaúchos, destacou Luciana Genro. O processo, agora, é de discussão e consolidação de um novo partido plural e socialista que abarque outros possíveis dissidentes petistas e representantes do movimento sindical. Luciana Genro, no entanto, não quer marcar data para a fundação deste novo partido.