Brasília, 6/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - As universidades terão de expandir ainda mais o número de vagas para absorver o contingente de estudantes que sairão do Ensino Médio em busca do diploma universitário, nos próximos anos. De acordo com o diretor de Estatística e Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), Dilvo Ristoff, mesmo com o ritmo acelerado apresentado no último Censo do Ensino Superior, que detectou a criação de seis novos cursos a cada dia, será preciso oferecer mais vagas.
"Temos hoje 8,5 milhões de alunos na educação média. Esses alunos vão querer chegar à educação superior nos próximos anos e se, apenas, a metade deles quiser entrar, vamos ter que achar espaço para esse pessoal", alerta o diretor.
Uma das metas do Plano Nacional de Educação é que pelo menos 30% da população na faixa etária entre 18 e 24 anos estejam cursando a faculdade até 2010. Meta ousada, e que, para ser cumprida, precisará de investimentos maciços na educação superior, principalmente no setor público.
"Precisamos colocar mais 4,9 milhões até 2010 na educação superior se quisermos atingir a meta do Plano Nacional de Educação. Cerca de 25% desses que estão chegando, são tão pobres que mesmo que nós tenhamos educação pública e gratuita, eles vão ter dificuldade de se manter na educação superior", disse.
Para o diretor, a saída deverá ser mesmo a universidade pública, uma vez que o setor privado já responde hoje por quase 90% das matrículas feitas no ensino superior. "O setor privado já
chegou a 88,9% das inscrições na educação privada. Temos uma relação candidato vaga de 1,6%, e o setor privado começa a chegar próximo ao esgotamento, com mais de 500 mil vagas ociosas", revela.
Segundo ele, outras alternativas seriam o enxugamento de currículos, abertura de cursos noturnos e a adoção do ensino à distância, que recebe fortes críticas por parte de professores e reitores. "Também o ensino à distância não deve ser descartado. Não adianta ficarmos de ‘nariz empinado’ e acharmos que o ensino à distância não tem importância. A Open University (Inglaterra) tem 200 mil alunos. Na Espanha, em Cuba, nos Estados Unidos, há vários anos temos o ensino à distância. As maiores críticas implicam sobre a qualidade. Existe a idéia de que não podemos colocar mais de 20 alunos em sala de aula que haverá problema, isso também é questionável. Há cursos que não se pode ofertar para mais de cinco alunos, e existem outros que se pode oferecer para 100, 150 alunos", argumenta.
Mesmo com os problemas, o "inchamento" na educação superior é visto como positivo para Dilvo, pelo menos do ponto de vista social. Ele acredita que se todos os investimentos forem feitos e o país conseguir absorver os alunos, será um salto qualitativo na vida educacional do povo brasileiro. ]
"São energias criativas que a gente libera para resolver os problemas da Nação. Há também a inclusão dessas pessoas. Se nós não quisermos um exército de excluídos na educação superior nos próximos anos, nós temos de alguma forma absorver. O que nos tornaria comparável ao nível internacional", completa o diretor do Inep.