Brasília - O Tribunal Criminal Internacional, instalado pela ONU para julgar acusados pelo genocídio de 1994 em Ruanda, condenou à prisão três jornalistas ruandenses. Em apenas 100 dias, cerca de 800 mil pessoas foram mortas.
Ferdinand Nahimana, um dos fundadores da Radio Televisão Libres des Mille Collines(RTLM) foi sentenciado a prisão perpétua, juntamente como Hassan Ngeze, dono e editor do jornal Kangura. Ambos usaram os meios de comunicação que dirigiam para estimular a violência contra os Tutsi, minoria no país dominado pela etnia Hutu.E contribuíram para que a imprensa local ficasse conhecida como "a mídia do ódio".
Outro fundador da RTLM e diretor de Relações Públicas do Ministério das Relações Exteriores de Ruanda, Jean Bosco Barayagwiza, foi condenado a 35 anos de prisão.
O veredito marca o final de um julgamento de três anos desses jornalistas. O Tribunal Criminal Internacional para Ruanda, instalado na cidade de Arusha, na Tanzânia, apurou que a mídia teve papel fundamental na incitação de extremistas da etnia Hutu contra os Tutsi, provocando o massacre.
"Todos os três acusados foram condenados por genocídio, incitação ao genocídio e por crime contra a humanidade", disse o porta-voz do tribunal, Bocar Sy.
Umas principais testemunhas da acusação foi o jornalista belga Georges Ruggiu, condenado pelo mesmo tribunal a 12 anos de prisão em 2000. Ele disse que a política editorial da RTLM, para quem trabalhava, era transformar, em demônios, a Frente Patriótica Ruandense, de oposição e dominada pelos Tutsi, e todos os seus simpatizantes. Também era obrigação divulgar que as forças de paz da ONU, estacionadas no país, apoiavam a Frente.
O Tribunal da ONU, funcionando desde novembro de 1994, já condenou 16 pessoas envolvidas no genocídio. Ainda há 40 suspeitos aguardando julgamento.
As informações são da CNN