Declarações de Lula em favor dos palestinos e da Síria não incomodam Israel

04/12/2003 - 9h57

Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Gazit, comentou há pouco as declarações favoráveis à Palestina e à Síria feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula ontem, durante sua visita a Damasco. Gazit disse que, como Lula, Israel também torce pela criação do Estado Palestino e pela devolução das colinas de Gola à Síria .

"Acreditamos que, a partir do momento em que os líderes palestinos conseguirem, de fato, desmantelar a rede de terror que atua em nosso território, poderemos voltar a negociar a paz", avalia Gazit. Ele ressalta que o possível acordo de paz com os palestinos prevê três etapas: o fim dos ataques terroristas, a retirada completa de Israel dos territórios reivindicados pelos palestinos e, por fim, o ajuste dos mapas. "Apesar de Israel já ter começado a segunda etapa, de retirada dos territórios reivindicados, os palestinos sequer começaram a desmantelar a rede de terror", ataca.

A resposta do embaixador israelense vem um dia depois de o presidente Lula dizer, em um jantar na Síria, que a ocupação de locais que historicamente pertencem aos palestinos – como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza – é inaceitável. Na mesma ocasião, Lula garantiu que o Brasil, ao assumir um assento temporário no Conselho de Segurança das Nações Unidas, defenderá o retorno das colinas de Golã à Síria (assim como Cisjordânia e Faixa de Gaza, a região de Golã foi incorporada por Israel na Guerra de Seis Dias, de 1967).

A guerra de 67 foi comandada por uma força tríplice composta por Síria, Egito e Jordânia. "Prova da vontade de devolver as Colinas é que, em acordos de paz, já devolvemos ao Egito e à Jordânia todo o território que havia ficado conosco em decorrência da nossa vitória numa guerra que sequer fomos nós que começamos", defende Daniel Gazit.

Segundo o diplomata, redes de terror também são os grandes empecilhos para que Israel e Síria aparem suas arestas e redesenhem seus mapas. "Dez organizações terroristas que atuam em Israel têm sede em Damasco. Além disso, a Síria apóia o Herzbollah, um dos maiores grupos contrários ao povo israelense", acusa Gazit, negando, contudo, que as declarações de Lula tenham arranhado as relações do Brasil com seu país. "Todos nós queremos a paz", comenta.