Brasília - Em entrevista à Rádio França Internacional, Marco Aurélio Garcia, assessor especial de política externa da Presidência da República, considerou que a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a países como Síria e Líbia, considerados "eixo do terror" pelos Estados Unidos, não deve alterar as relações diplomáticas do Brasil com o governo de Washington.
"O Brasil é um país independente, não é um protetorado, portanto constrói sua política externa da forma como bem entende. Nunca ficamos opinando sobre a política externa norte-americana e, no entanto, temos muito boas relações com os EUA", defendeu, taxativo.
Marco Aurélio ressaltou que a viagem tem objetivos políticos e comerciais, mas deixou claro que Lula, seguindo a tradição da diplomacia brasileira, evitará comentários sobre a política interna dos países por ele visitados. A Líbia é o país mais polêmico do itinerário - que ainda inclui Emirados Árabes, Líbano, Síria e Egito - por ser dirigida por Muammar al- Kadafi, considerado por alguns países do Ocidente como protetor de organizações terroristas. "É muito importante a presença da Líbia no programa por ser um grande exportador de petróleo e, além disso, por receber investimentos brasileiros nas áreas de serviços e de construção civil", justificou, citando a possibilidade de serem estabelecidos acordos por meio da Petrobrás.
Sobre a Síria e o Líbano, Marco Aurélio Garcia, apontou como muito relevantes os aspectos sentimentais e culturais da visita. "O Brasil tem cerca de oito milhões de descendentes de sírios e libaneses. Aqui temos o dobro de libaneses que existem no próprio Líbano".
Segundo ele, as relações entre Líbano e Brasil são, em grande parte, estreitadas pelos cerca de cem mil brasileiros descendentes de libaneses que voltaram ao país de origem das suas famílias. "Há possibilidade de expansão comercial, atualmente, nossas relações comerciais ainda estão em um nível medíocre", avaliou o assessor de Lula.