BNDES e BB podem financiar saneamento de clubes de futebol

04/12/2003 - 13h11

São Paulo, 4/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, não descarta a possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil financiarem o saneamento dos clubes de futebol. A idéia foi sugerida durante o Fórum do Futebol que está sendo realizado em São Paulo. "Vamos estudar as propostas. É possível. É preciso estudar as propostas concretas, não tem como antecipar isso. Qualquer banco ou instituição estatal analisa como a proposta é feita, quais são as garantias e qual o interesse. Isso tudo será visto", afirmou. Segundo o ministro, até agora só foi discutida a possibilidade de participação do BNDES em financiamentos para modernização de estádios e não com o objetivo de saneamento dos clubes.

O Fórum, que irá até amanhã (5), discute propostas para melhorar a organização do futebol no país. Agnelo defende o fim do amadorismo na administração dos clubes, a confecção de um calendário de longo prazo para facilitar a entrada de investimentos estrangeiros e nacionais, além da modernização dos estádios. "É preciso melhorar a gestão do futebol. Não podemos mais conviver com um amadorismo tão grande. Qualquer área hoje exige profissionalização. Nós precisamos preparar toda essa parte de investimento das nossas arenas para que os torcedores retornem aos estádios", disse.

Agnelo reconhece que pode encontrar resistências para implementar o profissionalismo na administração dos clubes, por parte de seus dirigentes, mas sente que há vontade política de mudança. "Nós temos que mexer em tudo que esteja dificultando e impedindo o avanço das coisas. Resistência aqui, acolá sempre há. O que nem todo mundo compreende é que essas mudanças são para valer. Tem muito da cultura anterior, que isso tudo era só de faz de conta. Mas, como as pessoas vão vendo, isso não tem a menor chance de retrocesso, as coisas são para profissionalizar, prestar conta, ter transparência, despertar o torcedor; só vão sobreviver as empresas e os clubes que se profissionalizarem", disse.

De acordo com Antônio Carlos Aidar, coordenador da pesquisa FGV sobre a situação do futebol no país, os clubes brasileiros têm apenas R$ 0,14 disponíveis para cada R$ 1 de despesas. De acordo com ele, estudos realizados na Inglaterra apontam uma relação máxima de 70% entre folha de pagamento e receitas geradas somente com o futebol. No Brasil, os balanços analisados não deixam claro o tamanho da receita somente com futebol, porque estão sem classificação. No ano passado, as despesas gerais dos clubes brasileiros atingiram 127% das receitas. "Com esse orçamento, qualquer empresa quebraria", acrescentou Aidar.