Norte-americanos participam de pesquisa na Bahia

26/11/2003 - 14h44

Brasília, 26/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Técnicos da Embrapa, de mais cinco instituições nacionais de pesquisa e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) participam de uma coleta de dados para um projeto de sensoreamento remoto com o apoio de um avião da Nasa entre o próximo domingo (30) e 10 de dezembro na região de Barreiras (BA). O objetivo é estabelecer uma relação entre as imagens em tons de cinza geradas pelo sistema sensor Radiômetro Imageador Avançado em Microondas (AMSR), do satélite Aqua, lançado em 2001, e a umidade do solo em clima tropical brasileiro.

O pesquisador da Embrapa Cerrados Edson Sano, líder brasileiro do projeto, informa que participam da operação 30 técnicos, entre profissionais da Embrapa Cerrados e da Embrapa Informática Agropecuária, da Usda, da Unicamp, do Inpe, da UFRJ, da Coppe e do CPRM, além de dez integrantes da Nasa.

Nos 11 dias de pesquisa, serão recolhidas amostras de solo, enquanto o avião da Nasa fará imagens com o mesmo equipamento embarcado no satélite Aqua. "As amostras nos dão resultados pontuais, o avião mostrará imagens com 10m de alcance e o satélite, imagens captadas pelo Inpe, em Cachoeira Paulista (SP), com 25 km de alcance", explica Sano. Essa graduação na resolução permitirá aos cientistas a comparação de dados para, depois de várias pesquisas, chegarem à conclusão de que tipo de imagem corresponde a que percentual de umidade de solo.

Os pesquisadores do Usda e da Embrapa acreditam que essa função varia de acordo com o clima e com a cobertura vegetal local. Por isso, o projeto Soil Moisture Experiment (Smex), do qual o experimento em Barreiras é uma das etapas, já estabeleceu uma função entre as imagens do AMSR e a umidade do solo em três estados de clima temperado nos EUA em 2002. No Brasil, a região de Barreiras foi escolhida neste ano como área-teste de clima tropical. Em 2004, será a vez de obter uma função entre as imagens do AMSR e a umidade do solo de terrenos de clima semi-árido no Arizona (EUA) e no México.

A participação do avião da Nasa possibilita aos técnicos brasileiros mais do que a participação no projeto Smex. Isso porque os cientistas ainda não sabem ler muitas das imagens geradas por satélites.

Desta forma, os onze dias de testes em Barreiras servirão também para que os brasileiros tentem desvendar outros quebra-cabeças. O satélite Cbers-2, por exemplo, lançado há um mês em projeto conjunto do Brasil e da China, tem um sensor de tecnologia nacional, desenvolvido pelo Inpe, que passará sobre a área de testes no dia 3 de dezembro. Esse sensor mapeia áreas plantadas com diferentes culturas. Com a utilização de GPS (medições por latitude e longitude em terra), os técnicos na região de Barreiras vão comparar os dados coletados com as imagens enviadas pelo satélite. "Isso será possível porque a região é grande produtora de grãos", explica Sano.

Também serão feitas medições de temperatura do solo para estabelecer comparações com imagens enviadas pelo satélite meteorológico NOAA, lançado em 1970. A temperatura, juntamente com a umidade do solo, afeta o ciclo das águas. (Ascom Embrapa Cerrados)
Jornalista - Embrapa Cerrados