Brasília, 26/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - "Alerta de segurança, clima de muita apreensão com o que possa acontecer nos próximos dias e extrema aflição". Este é o estado de espírito no ‘Artic Sunrise", do Greenpeace, ancorado no rio Xingu, perto de Porto de Moz, no Pará. A informação foi transmitida, há pouco, pelo telefone, por Carlos Rittel, coordenador de linha de frente, direto do navio, em entrevista ao Revista Amazônia, da Rádio Nacional da Amazônia.
O coordenador do Greenpeace, que há dez anos atua na Amazônia , "combatendo a exploração ilegal de madeira", disse que já foram informadas as Embaixadas dos países que têm cidadãos na tripulação do navio, para que solicitem segurança ao governo brasileiro. Além dos brasileiros, há pessoas da Inglaterra, Canadá, Filipinas, Argentina, Tunísia e Espanha.
"Tememos que alguma coisa mais séria possa acontecer"- disse Carlos Rittel. Ele informou que, por conta própria, a tripulação, acostumada a situações de tensão, ao redor do mundo, costuma adotar "medidas de segurança do navio". Ele explicou que,diante da gravidade da situação em Porto de Moz, no Pará, "existe vigilância, 24 horas por dia, sobre a movimentação ao redor do navio e, dependendo, os procedimentos passam a ser mais rigorosos, aumentando-se o nível de segurança".
Carlos Rittel disse que a situação tensa se deve ao fato de que, segundo ele, "as autoridades locais estão envolvidas com as empresas madeireiras que estão organizando estas manifestações, com medo de perderem a floresta, onde agem ilegalmente, diante da possibilidade de ser criada uma reserva florestal na região". Inclusive, esta ameaça também existe com relação às comunidades extrativistas, acrescentou.
Segundo o coordenador , "os líderes comunitários reunidos no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Foz do Moz receberam um telefonema com ameaças de que o local será incendiado se não terminassem a reunião" . Rittel afirmou que, com relação ao navio, os procedimentos envolvem cuidados inclusive com a possibilidade de um incêndio. Ele disse temer que "o clima possa piorar nos próximos dias".
A presença do navio do Greenpeace nos rios do Pará vai continuar até o final da primeira quinzena de dezembro, conforme o programado. Ela se deve a um acompanhamento de perto para garantir a criação da Reserva Verde para Sempre. Na verdade, a promessa de criação de várias "ilhas de reserva" na chamada "Terra do Meio", foi feita pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Barros, recentemente, quando passou dois dias na região, analisando a situação local.
Eduardo Mamcasz/Repórter da Agência Brasil