Dutra diz que tendência do preço do petróleo é se manter até o fim do ano

26/11/2003 - 15h56

Brasília, 26/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Se o mercado de petróleo mantiver as pequenas oscilações, "a tendência é não haver mudança nos preços, até o final do ano". A avaliação foi feita hoje pelo presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, depois de participar de audiência pública na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, sobre os investimentos da empresa.

O presidente contestou a afirmação de alguns parlamentares de que existe uma diferença, para mais, de cerca de 10% no preço da gasolina, no país, comparando com o mercado internacional. Segundo ele, pode ser até 10%, mas tendo como referência o mercado spot (onde são vendidas as sobras dos contratos fechados pelas "trades"), onde o produto é mais barato. Ele explicou que, para calcular o preço competitivo da gasolina no Brasil, devem ser considerados vários fatores. Com base nesse critério, ele assegura, que os preços praticados pela Petrobrás para a gasolina e todos os derivados "estão alinhados ao mercado internacional".

Dutra recomendou a importação de gasolina pelas empresas aéreas, se o setor entender que os preços internos estão mais altos que o mercado internacional. As empresas alegam que os preços da Petrobras estariam entre 10% e 12% acima da cotação internacional. "A nossa afirmação é que o preço não está mais alto. Agora, por que não importam?. A importação é livre e as pessoas estão agindo como se ainda fosse monopólio", observou Dutra.

O dirigente da Petrobras reiterou que não acredita em defasagem tão grande entre o preço interno da gasolina e o praticado no exterior. Segundo ele, se houvesse muita diferença estaria ocorrendo uma entrada "brutal" do produto no Brasil, o que assegura, não tem acontecido. "Ou esse pessoal é incompetente na importação ou então a diferença não é tão grande como alguns dizem que é, porque isso é economia, é mercado", afirmou.

Dutra concordou com vários parlamentares sobre o alto custo do GLP (gás de cozinha), principalmente para a população de baixa renda. Para ele, somente um esforço de toda a cadeia produtiva poderia reduzir o preço do produto. Ele disse que não adiantaria apenas a Petrobrás baixar o preço, já que, do preço médio de R$ 26,00 cobrado por um botijão de gás, no Rio, a Petrobras fica apenas com R$ 11,00. Dutra informou que as negociações com os outros segmentos da cadeia não "andaram" porque há reclamação de todos sobre as margens de lucro.

Durante a audiência de três horas, o presidente da Petrobras informou aos parlamentares que nos últimos 50 anos a empresa investiu US$ 135 bilhões, dos quais 95% no país. Dutra destacou que o volume de recursos é mais que a metade dos investimentos externos diretos acumulados no período, que totalizaram US$ 220 bilhões. Ele acrescentou que a empresa é décima-quinta no ranking mundial das empresas petrolíferas e a oitava em ações na Bolsa.

Mediando o debate de parlamentares – alguns favoráveis ao índice de nacionalização de 65% para as plataformas da Petrobras e outros contrários a isso - Dutra disse que é possível atender a exigência com qualidade, preço e prazo. Ele admitiu que muitos equipamentos precisam ser importados, já que não são fabricados no Brasil, mas defendeu o índice de nacionalização como forma de gerar emprego e renda.