Brasília, 26/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Continua o impasse entre madeireiros, fiscais do Ibama e ambientalistas no Pará. A rodovia Transamazônica, no acesso à cidade de Altamira, ainda está bloqueada por comerciantes, proprietários e funcionários de madeireiras. Eles protestam contra a Operação Verde para Sempre, do Ibama, que investiga a legalidade do corte e do transporte de madeiras e visa a demarcar uma área de proteção extrativista.
O superintendente regional da Polícia Federal no Pará, José Ferreira Sales, informou que o grupo ligado aos madeireiros já manifestou disposição para buscar uma solução para o impasse com o Ibama por meio do diálogo. "Não há qualquer hostilidade para com a população, o comércio fechou em solidariedade (aos manifestantes) ou por falta de dinheiro. Não foi imposição de ninguém", disse o delegado.
Um navio da organização ambientalista Greenpeace está ancorado no rio Xingu, no município de Porto de Moz (PA), para acompanhar as atividades do Ibama. De acordo com o coordenador da organização, Carlos Rittel, as comunidades da região e os ambientalistas estão sob risco e não podem contar com o apoio do poder político local porque boa parte das autoridades está ligada aos madeireiros.
Em entrevista ao programa Revista Amazônia, da Rádio Nacional da Amazônia, Rittel disse que as autoridades "estão organizando estas manifestações, com medo de perderem a floresta, onde agem ilegalmente, diante da possibilidade de ser criada uma reserva florestal na região".
A Polícia Federal reconhece que há participação de políticos locais nas represálias contra os trabalhos do Ibama e do Incra, e informa que está agindo como interlocutor entre os manifestantes e os órgãos de fiscalização para buscar uma solução pacífica para as desavenças.
O gerente do Ibama, Marcílio Monteiro, disse que a posição do governo é de fazer um pacto pela legalidade. "O objetivo do governo é manter a fiscalização, manter a avaliação dos planos de manejo, dizendo como fazê-los, para que os madeireiros entrem na legalidade, aqui no estado do Pará", disse.
Segundo Monteiro, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama não vão abrir mão de dois pontos nas conversas com os madeireiros: a continuidade das fiscalizações e a manutenção da cobrança das infrações que já foram apuradas.