Brasília, 6/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O campeão mundial de atletismo Zequinha Barbosa pouco acrescentou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes sobre um possível envolvimento seu com uma rede de prostituição, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Esta é a terceira vez que o ex-atleta comparece à CPMI. Desta vez , sua presença só foi confirmada após ter sido comunicado de que poderia ser conduzido á força pela Polícia Federal caso recusasse depor, informou a relatora, deputada Maria do Rosário (PT-RS). O seu advogado, Abadio Rezende, recebeu voz de prisão da presidente da comissão, senadora Patrícia Sabóya (PPS-CE), ao negar-se a deixar o plenário da comissão.
O advogado foi preso pela polícia do Senado ao tentar contestar os questionamentos feitos pela deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) a seu cliente. Irritada com as negativas de Zequinha Barbosa, que se isentou durante todo o tempo de envolvimento com as adolescentes, Laura Carneiro acusou o ex-atleta de estar "mentindo o tempo inteiro". Neste momento, Abadio Rezende levantou-se do fundo do plenário e, em voz alta, afirmou que seu cliente estava sendo constrangido pela deputada. Ao mesmo tempo, dirigiu-se à presidente da CPMI para cobrar respeito ao depoente.
Patrícia Saboya considerou a atitude do advogado uma tentativa de intimidação dos membros da comissão e pediu que ele se retirasse do plenário. Como ele se negou, foi dada voz de prisão. Abadio Rezende foi encaminhado à Polícia Federal onde prestou depoimento e foi aberto inquérito por desobediência.
Zequinha Barbosa e seu assessor, Luiz Otávio da Anunciação, respondem a processo no Mato Grosso do Sul acusados de manterem relações sexuais com três adolescentes menores de 18 anos.
No depoimento de hoje, mesmo depois de ter concordado em falar numa audiência reservada, o ex-atleta continuou negando qualquer relação sexual com as meninas. Disse, no entanto, que conheceu uma delas, na época com 12 anos. Segundo ele, por insistência de seu assessor foi à casa da menina conhecê-la, onde também foi apresentado a mãe da garota.
O problema é que as afirmações do ex-campeão mundial de atletismo não batem com o que foi declarado por Luiz Otávio e as meninas à CPMI. O assessor confirmou que ele e Zequinha fizeram um programa com as três garotas. No seu depoimento, negou saber que elas eram menores de idade. As meninas também disserem ter mantido relações sexuais com os dois.
Segundo a deputada Maria do Rosário, a garota que Zequinha confirmou ter conhecido, foi iniciada sexualmente pela própria mãe aos 10 anos de idade. Na época, a menina foi entregue aos vereadores César Disney (PT) e Robson Martins (PSDB). Os dois renunciaram a seus mandatos esta semana, quando a Câmara de Vereadores de Campo Grande decidiu abrir uma CPI para apurar o caso.
A preocupação da relatora, agora, é estabelecer mecanismos que impossibilitem Zequinha Barbosa de viajar para os Estados Unidos, onde reside há anos, para evitar o prosseguimento das investigações. Também será pedida ao Conselho Federal de Assistência Social uma auditoria imediata no Instituto Zequinha Barbosa destinado a atender crianças carentes em Campo Grande.
