Brasília, 5/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Uma audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado para debater a reforma sindical, serviu de palco hoje para os representantes das duas maiores centrais sindicais do país, que nas eleições presidenciais estiveram em lados opostos, discutirem um suposto esquema de dossiês do PT usados nas eleições de 2002, revelados pela revista Veja.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, sentou-se ao lado do integrante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Alberto Grana, e o assunto predominante nas discussões foi o esquema divulgado pela revista.
Nas eleições de 2002, Grana, então secretário-geral da CUT, teria participado ativamente de um grupo montado pelo PT para levantar denúncias contra os adversários de Lula. Entre os alvos dos dossiês estaria o presidente da Força Sindical, que concorria como vice-presidente na chapa do candidato Ciro Gomes.
Após a divulgação da matéria semana passada, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, anunciou sua saída do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), afirmando que não conseguiria mais ser conselheiro de Lula.
O líder do PFL no Senado, senador José Agripino, levantou o assunto, classificando-o de "nitroglicerina pura" e de relevância por se tratar de uma questão de ética na política.
O presidente da Força Sindical mostrou exemplares da revista Veja e Época, que publicaram o conteúdo do dossiê contra Paulinho, na época da eleição.
O senador Tião Viana (PT-AC), líder da maioria, defendeu seu partido, alegando que as acusações não eram verdadeiras e que não condiziam com o comportamento do PT.
Carlos Alberto Grana também negou a existência do esquema. "Minha participação na campanha do Lula foi pública, dirigindo comícios e comitês sindicais. A CUT não autorizou e nem contou com nenhum de seus dirigentes e muito menos nenhum assessor envolvido nesse tipo de atividade subterrânea de campanha", afirmou Grana.
Com as denúncias, Paulinho disse que a relação entre as duas centrais sindicais ficou estremecida. "Para o bem dos trabalhadores, eu acho que devemos continuar nos reunindo até porque queremos fazer mudanças na estrutura sindical, queremos modernizar a legislação trabalhista. Agora, eu tenho que tomar mais cuidado", disse.
Mas para Grana, o episódio não provocou alterações. "A relação da CUT e da Força Sindical historicamente sempre foi de uma certa desconfiança. Então, não muda nada".