Mosquitos transmissores de doenças infestam reserva ecológica

05/11/2003 - 15h41

Brasília, 5/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Pesquisadores de São Paulo verificaram que várias espécies de culicídeos que vivem na área do Parque Ecológico do Tietê, localizado na periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, se adaptaram ao ambiente urbano de tal maneira que, provavelmente, estejam transmitindo doenças ao homem. Os culicídeos são conhecidos, dependendo da região do país, como mosquitos, pernilongos, muriçocas ou carapanãs.

A pesquisa foi liderada por Carmen Lagos, do Centro Universitário Fundação Santo André e Delsio Natal, da Universidade de São Paulo (USP). Em dois anos, eles coletaram mais de 53 mil mosquitos, de 25 espécies, a maioria transmissoras de doenças. As espécies mais freqüentes foram o Ochlerotatus scapularis, o Culex quinquefasciatus e o Culex declarator. Os resultados da pesquisa foram publicados na Revista de Saúde Pública, em junho último.

Os pesquisadores acreditam que o mosquito da espécie Ochlerotatus scapularis possa estar transmitindo um tipo de arbovírus chamado Rocio, que causa encefalite, tipo de inflamação que atinge o sistema nervoso central. A espécie Culex quinquefasciatus pode transmitir um verme que obstrui os vasos linfáticos, provocando elefantíase. O mosquito Culex declarator também transmite um verme que, no homem, causa problemas no coração e pulmões, embora a doença causada pelo verme afete principalmente cães.

O alerta dos pesquisadores é para o fato de que justo as espécies mais freqüentes, que também são as mais abundantes, no Tietê, demonstrem eficiência na transmissão de doenças em outras regiões urbanas. O risco de disseminação de doenças na área pesquisada é acentuada, segundo eles, pelo fato de existirem cerca de 4 mil pessoas morando em habitações irregulares ao redor do Parque Ecológico. O parque recebe 40 mil visitantes mensalmente.

A explicação para a ocorrência das espécies encontradas, durante a pesquisa, são os espaços abertos e terrenos planos, junto à mata, onde há acúmulo de água da chuva, além da existência de lagos e córregos poluídos na reserva e vizinhanças. (Com informações da Agência Notisa)