CPI da Pirataria pede afastamento de juizes supeitos de envolvimento com o crime organizado

05/11/2003 - 16h56

Brasília, 5/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - A CPI da Pirataria da Câmara dos Deputados pediu há pouco ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o afastamento dos juízes Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal de São Paulo; Casen Mazloum, da 1ª Vara Criminal; e João Carlos da Rocha Mattos, da 4ª Vara Criminal, por suspeição de envolvimento com o crime organizado.

Segundo o presidente da Comissão, deputado Medeiros (PL/SP), "esses juizes julgam o crime organizado e estão sob suspeição por graves denúncias e não é possível que eles continuem a trabalhar". Segundo Medeiros, o afastamento dos juizes é para que se possa promover as investigações.

De acordo com a deputada Vanessa Grazziotim (PC do B/AM), sub-relatora da CPI, não há dúvidas de que a Operação Anaconda, da Polícia Federal, investiga figuras importantes do contrabando e sonegadores. Grazziotim disse que o juiz Ali Mazloum "saiu do seu papel de analisar processos e se envolveu em investigações que são de responsabilidade da polícia, e com isso se comprometeu bastante. "Percebe-se que ele está envolvido com questões fora da suas atribuições".

Durante depoimento hoje na CPI da Pirataria, o policial rodoviário federal Wendel Benevides Matos, que coordenou operação de investigação, com escuta telefônica, das organizações criminosas chefiadas por Lobão e Ari Natalino, informou que foi pressionado e amedrontado por diversas vezes pelo juiz Ali Mazloum.

Segundo o policial, o juiz tentou coagi-lo para obter informações sobre as investigações que ele coordenava a pedido do procurador Guilherme Sheldon. Durante o depoimento, o policial narrou aos integrantes da CPI todos os procedimentos da investigação que coordenou e as formas de ameaças usadas pelo juiz e citou que por diversas vezes o juiz avisou "que a corda só arrebenta pelo lado mais fraco".