Quando país crescer 3,5% desemprego vai parar de subir, diz ministro do Trabalho

20/10/2003 - 19h00

Brasília, 20/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Trabalho, Jacques Wagner, afirmou hoje que se o país crescer 3,5% ao ano será possível fazer a taxa de desemprego parar de subir. O ministro abriu o seminário Globalização e Mercado de Trabalho na América Latina, na Confederação Nacional do Comércio (CNC), onde participou de debate sobre a contribuição do processo de globalização para o desemprego nos países em desenvolvimento.

Jaques Wagner destacou que a globalização, após dez anos de implementação, tem aumentado as desigualdades sociais e provocado nos países em desenvolvimento a ampliação da pobreza. "Há importação do desemprego e exportação de emprego. Os setores que agregam maior valor à produção continuam concentrados nos países mais desenvolvidos. A globalização envolve relações comerciais e fluxos de mercadoria. O Brasil continua tendo balança superavitária, mas mantém a exportação de produtos primários com baixos valores agregados", declarou o ministro do Trabalho.

O desemprego é hoje o principal problema vivido pelos países da América Latina, seguido pelos baixos salários oferecidos pelo mercado e pela instabilidade no emprego. O relatório anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgado hoje, mostra também que o desemprego na América Latina foi superior a 10% em 2000 e que, na região, somente 55% dos empregados possuem contrato de trabalho.

O relatório mostra que o aumento do desemprego está associado à períodos de baixo crescimento econômico. A situação mais crítica é da Argentina que, em dez anos, gerou perda de 150 mil empregos. Até 1999, o Brasil estava em situação melhor que a média dos países da América Latina. Nos últimos dois anos, o Brasil também foi afetado pelo aumento do desemprego, de trabalhadores informais e de subempregos.

Segundo Wagner, enquanto o crescimento não chega, o governo toma medidas de aquecimento da economia, como ampliação de linhas de microcrédito e financiamento, com dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). "Não há mágica, o que vai gerar emprego é o crescimento econômico e depende do tipo de crescimento. Setores de serviços, turismo e construção civil, são os maiores empregadores. Não adianta crescimento econômico sem crescimento da força de trabalho", ressalta Jaques Wagner.

O diretor da OIT (Organização Internacional do Comércio), Armand Pereira, acredita que a globalização em países como Brasil, México e Argentina, contribui para o desemprego na medida em que gera aumento da concorrência pela liberalização do comércio e aumento da entrada de capitais e empresas no processo de negociação. Esses países, onde a renda média é mais alta do que no restante da América Latina, foram os mais prejudicados com a abertura econômica, segundo Armand Pereira. "Porém, se a globalização tivesse vindo associada a outras condições macroeconômicas de maiores investimentos e poupança, poderia ter ocorrido aumento da entrada de empresas e capitais e melhoria das condições econômicas", ressalta o diretor da OIT.