Márcio Thomaz Bastos recomenda discrição na apuração de denúncias de corrupção

07/10/2003 - 16h02

Brasília - O ministro da justiça, Márcio Tomaz Bastos disse, hoje, que acompanha com preocupação e cuidado as denúncias de corrupção no setor público, como é o caso da Receita Federal e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na sua avaliação os trabalhos de investigação precisam de discrição, para que "os holofotes não ponham tudo a perder". Mas recomendou "muita incisividade" para que se chegue aos resultados corretos.

Para o ministro, a luta contra a impunidade no Brasil tem que ser travada em várias frentes, inclusive naquelas em que o aparelho do Estado está corruptado. "Nos temos que tornar o Brasil um país capaz de enfrentar os seus desafios, no futuro, tendo aparelhos estruturados e que estejam livres da corrupção e isso inclui a Receita Federal,"destacou Bastos, que conversou com a imprensa após participar do Seminário Nacional "Comércio Ilegal: Implicações e Alternativas", promovido pelo PT.

Questionado sobre a participação da Polícia Federal nas investigações de questões internas da Receita Federal, o ministro assegurou que a a PF está e vai continuar trabalhando, inclusive com seu serviço de inteligência, sobre os vários aspectos da questão, segundo ele,"complexa e grave". Reiterou que o caso envolve cuidado, mas que tem que ser feito com muita determinação e eficácia.

O ministro também foi indagado sobre à eficiência da medida tomada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que criou uma comissão para acompanhar as denúncias de corrupção na Receita Federal. Bastos disse que tem certeza que Palocci está conduzindo o caso da melhor maneira possível, assim como o secretário da receita federal, Jorge Rachid.

Ao participar do seminário comércio ilegal, Bastos disse que é preciso uma grande articulação nacional contra esse tipo de comércio, para que se construa uma cultura com relação ao assunto. Ele lembra que nos anos 60, pagar imposto era facultativo. "Hoje, com o trabalho de conscientização da Receita Federal, todos nos pagamos impostos", exemplificou. O ministro acrescentou que "as pessoas precisam saber e ter consciência que não podem comprar um CD pirata".

Na opinião de Bastos, o comércio ilegal tem que ter o mesmo tratamento dado à lavagem de dinheiro. Ele informou que o Ministério da Justiça está criando instrumentos para estabelecer um sistema eficaz de combate à lavagem de dinheiro. "Temos de estabelecer cultura também contra a lavagem de dinheiro", defendeu.

O ministro considerou o seminário um ponto de partida, "um plano de vôo" em direção da construção do sistema contra o comércio ilegal e da lavagem de dinheiro, em relação ao qual, segundo ele, "todos podem contar com a vontade política e a determinação do Ministério da Justiça".