Invasão do Parque do Iguaçu apressou saída do PT, diz Gabeira

07/10/2003 - 13h49

Brasília, 7/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O deputado Fernando Gabeira (RJ) deixou hoje o Partido dos Trabalhadores (PT), alegando diferenças incontornáveis. O núcleo dirigente do PT, segundo o parlamentar, tem surpreendido e "atropelado" seus militantes com decisões que dificultam a transformação democrática. Gabeira disse que a gota d'água para seu afastamento foi a invasão do Parque Nacional do Iguaçu (PR) por dois prefeitos e um deputado federal do PT. "Eles disseram ter apoio do governo e na minha opinião seria necessário que o governo e o PT se manifestassem claramente sobre isso, uma vez que o parque é Patrimônio da Humanidade e não podemos deixar que uma estrada seja construída à revelia da lei", acrescentou.

Gabeira também lembrou que o anúncio por parte do ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, de que o Brasil está produzindo urânio enriquecido, só pode ser uma provocação aos pacifistas como o parlamentar. "Esse anúncio, feito por alguém que já declarou que o Brasil deveria ter uma bomba atômica, só pode ser provocação. Para mim esse é o fim do caminho", afirmou.

De acordo com Gabeira, as diferenças sempre podem ser discutidas, mas "é desconfortável" ter que fazer críticas ao governo e ainda pertencer ao PT. "Prefiro sair do partido e continuar a fazer essas críticas. Não é possível, para um político que tem sua vida voltada para a defesa do meio ambiente, aceitar uma série de medidas já tomadas", salientou. Essas medidas, explicou, incluem a importação de pneus do Uruguai e Paraguai, a demarcação de terras indígenas, a construção da usina Angra 3 e a liberação dos transgênicos, em confronto direto com sua plataforma de campanha.

Fernando Gabeira é parlamentar petista desde que saiu do Partido Verde, há dois anos. E disse estar "triste em sair, mas a resistência a medidas que parecem equivocadas à sociedade nos faz retomar a alegria". A partir de agora, informou, pretende apoiar o governo sempre que possível, na Câmara dos Deputados. "Afinal, devo a ele parcialmente o meu mandato", disse.

A decisão de sair "não tem volta", segundo o deputado, que descartou qualquer compromisso com outra legenda partidária. "Não tenho novos planos, procurarei desenvolver meu trabalho sozinho como já fiz durante oito anos", concluiu.