Petrobras comemora 50 anos com desafio de ajustar-se ao seu tempo

28/09/2003 - 9h09

Rio, 28/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Petrobras completará 50 anos no próximo dia 3 com a expressiva conquista de ter passado para o seleto grupo de empresas petrolíferas que produzem mais de dois milhões de barris de petróleo e equivalente de gás natural por dia, uma marca que a equipara a algumas das principais empresas petrolíferas do mundo – algumas centenárias. Com 50 anos de histórias de sucesso traduzidos em prêmios internacionais – principalmente pelo domínio da exploração de petróleo e gás em águas profundas – a Petrobras terá pela frente nos próximos anos o desafio de se transformar em uma empresa integrada de energia.

Para o diretor de Petróleo e Gás da Petrobras, Ildo Sauer, a data é um marco significativo para todos os brasileiros. "Um marco também para o Brasil, na medida em que mostrou que uma empresa brasileira foi e teve capacidade para construir uma organização capaz de converter recursos naturais em soluções para os maiores problemas da sociedade: a necessidade de serviços energéticos. Mas do que buscar petróleo a cinco ou seis mil metros de profundidade, o desafio foi em cada momento histórico ela ter conseguido proporcionar soluções para uma das questões mais importantes para o desenvolvimento econômico e social".

Sauer disse que o desafio da companhia daqui para a frente será ajustar-se ao seu tempo e compreender o processo histórico da energia no mundo. "Petróleo foi ênfase no século passado pelo seu significado no processo de industrialização e urbanização. Hoje, ele ainda continua sendo foco principal da atividade da companhia. Mas à energia no mundo de hoje tem suas preocupações com as questões ambientais, a preocupação com o clima e com o meio ambiente local, que afeta a vida das pessoas e o futuro da humanidade".

Segundo o diretor, a Petrobras talvez seja a empresa que mais tem recursos no mundo inteiro para cumprir um papel, não só no país, mas também internacionalmente, de ajustamento às exigências presentes. "Hoje, a exigência é por soluções menos poluentes e mais sustentáveis e econômicas e, neste aspecto, o Brasil está posicionado de maneira muito singular e significativa para permitir isto, até mesmo pela sua história – hidroenergia, energia hidráulica, carvão vegetal, álcool e etanol. São exemplos que podem ser convertidos em curto prazo em oportunidades".

Passadas cinco décadas desde a sua fundação, a empresa já consegue extrair 1.600.000 barris de petróleo por dia – eram 2.700 b.d. em 1953 – um aumento que chega a 592 vezes a produção inicial. Hoje, a Petrobras já responde por cerca de 90% do petróleo consumido no país e por cerca de 40% do gás natural. Com uma reserva provada superior aos 11 bilhões de barris de petróleo, de acordo com dados oficiais da própria companhia, a Petrobras é uma das únicas – se não a única empresa do mundo – que vem conseguindo aumentar as suas reservas em volumes significativos tanto de gás natural quanto de petróleo, apesar do aumento progressivo da produção em busca da meta da auto-suficiência.

Com uma produção de petróleo e gás que já chega aos 250 mil barris por dia no exterior, em função de sua performance financeira e operacional, a estatal brasileira já é a décima-segunda companhia no ranking mundial, destacando-se, principalmente, pelo aumento anual da sua produção de petróleo, em torno de 11% nos últimos cinco anos, contra uma média mundial de 1% ao ano. Com a criação da Petrobras em meio a uma polêmica entre duas correntes: a defesa do regime do monopólio estatal e a tese favorável à participação da iniciativa privada, e tendo como bandeira a campanha "O Petróleo é Nosso", a história do petróleo no país pode ser dividida em três fases distintas.

Na primeira, que vai do império até 1938, a exploração esteve a cargo de órgãos públicos e da iniciativa particular, simultaneamente. A segunda começou com a criação do Conselho Nacional do Petróleo e foi caracterizada pela nacionalização das jazidas de petróleo e gás e pela primeira descoberta de petróleo no país, na Bahia, em 1939. A terceira fase, e que estamos vivendo até hoje, ainda segundo a empresa, teve como marco inicial a criação da própria Petrobras, em 3 de outubro de 1953. Hoje, depois de 50 anos, a empresa corre em busca da auto-suficiência na produção de petróleo e gás, procurando expandir sempre a sua produção. A meta é chegar a 2006 com uma produção de petróleo e gás natural, no Brasil e no exterior, da ordem de 2.570.000 barris/dia (2.200.000 dos quais no Brasil), configurando uma expansão de 40% em relação ao volume produzido atualmente.

Para atingir os objetivos da empresa, o Plano Estratégico prevê investimentos de US$ 34,3 bilhões até 2007, dos quais US$ 29,2 bilhões serão aplicados no Brasil e o restante em negócios da empresa no exterior. Atualmente, a Petrobras está presente na Argentina, Bolívia e Colômbia, na América do Sul; e Angola e Nigéria, na África; Trinidad e Tobago, e Estados Unidos.

Funcionária da companhia por mais de 25 anos, e hoje com 50 anos de idade, a secretaria de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Maria das Graças, fala do orgulho de ter passado metade da vida trabalhando e aprendendo na Petrobras. "Tudo que eu aprendi na minha vida eu aprendi com a Petrobras e estou tendo um orgulho enorme de poder colocar este aprendizado agora para muito mais perto da sociedade. Então a Petrobras para mim, onde comecei como estagiária da área de perfuração, é um marco. Participei dos grandes projetos da Petrobras em suas atividades de terra e mar e estive envolvida de uma certa forma dentro da empresa quando os recordes de exploração em águas profundas eram batidos".

Maria das Graças diz que foi aprendendo sobre o mercado de gás, à medida que a Petrobras aumentava suas reservas. "Hoje, estamos com uma produção de 30 milhões de metros cúbicos po dia e uma reserva (ainda volumes) da ordem de mais de 750 bilhões me metros cúbicos de gás. O sonho agora é a segunda fase de incorporar estas recentes descobertas de gás às reservas provadas, é descobrirmos óleos cada vez mais leves e de cada vez mais colocarmos o nosso gás na matriz energética", afirmou.

Mas não é só no aspecto dos êxitos econômicos que a Petrobras é destaque mundial. Sua tecnologia de exploração em águas profundas já lhe rendeu vários prêmios internacionais, tendo, por duas vezes – a última em 2001 – recebido o Offshore Tecnology Conference, o mais importante evento do setor em todo o mundo, prêmio que equivale "ao Oscar da indústria do petróleo", afirma a empresa. É também da Petrobras, o recorde em produção em águas profundas, com um poço situado a 1.874 metros de lâmina d’água.

Agente preponderante no desenvolvimento nacional, a Petrobras chegou a pagar, somente no primeiro semestre deste ano, R$ 28 bilhões a título de impostos, taxas, royalties e participações governamentais, um aumento de 46% sobre igual período do ano passado. Somente para os municípios brasileiros produtores de petróleo e gás a Petrobras recolheu, em 2002, cerca de R$ 1,3 bilhão em royalties, a 820 municípios, em 15 estados brasileiros.
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