Brasília, 26/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - As previsões para o fechamento das contas externas, neste ano, e em 2004 são positivas, independentemente da renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A avaliação foi feita, há pouco, pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Afonso Beviláqua. "Hoje, não há necessidade de recorrer ao FMI para financiar o balanço de pagamentos", assegurou o diretor. Ele lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, devem decidir, em outubro, se firmam novo acordo com o fundo.
O representante do Banco Central acredita que a melhora nas contas externas reflete o esforço feito nos últimos 12 meses, que tornou o país mais resistente a choques econômicos externos, como ocorreu em passado recente. Ele chamou atenção para a projeção de um déficit de US$ 1,2 bilhão "ou até de um pequeno superávit" nas transações correntes (operações de comércio e serviços com o exterior), neste ano, contra um déficit de US$ 7,7 bilhões, em 2002, e de US$ 33,4 bilhões, em 1998.
O diretor acredita que o país vai poder voltar a crescer sem pressionar as contas externas. Ele usou como fundamento as mudanças - que afirmou, são permanentes - verificadas, por exemplo, na balança comercial, com a grande substituição de importações. Com isso, Beviláqua prevê, que é possível "crescer hoje tanto quanto em 2000, sem pressionar o balanço de pagamentos". Sobre o crescimento previsto para 2004, ele disse apenas que será conhecido no relatório de inflação, a ser divulgado no final de dezembro.
Beviláqua projetou para o próximo ano um crescimento das exportações em 4,4%, contra 14,6% das importações. Ele observou que o incremento das importações tem a ver com a retomada do crescimento da atividade econômica do país. Chama atenção que mesmo com o aumento das importações, o superávit estimado da balança comercial para o próximo ano é de US$ 16,3 bilhões.
Sobre a estimativa de US$ 13,5 bilhões para os investimentos diretos em 2004, Beviláqua disse que é compatível com a média anualizada do segundo semestre deste ano. Permanece em US$ 10 bilhões a previsão para entradas desses recursos até o final do ano. O diretor informou também que a programação de emissão de bônus da República no exterior, para 2004, soma US$ 5,5 bilhões contra US$ 3 bilhões, neste ano. Ele explicou que, como o país já cumpriu esse compromisso para 2003, pode ser que ainda ocorram este ano as primeiras captações relativas a 2004.
Beviláqua acrescentou que o Banco Central trabalha com uma previsão de taxa de rolagem superior a 100% para os papéis privados e empréstimos, no próximo ano. Para ele, essa é uma previsão conservadora, já que neste ano esses percentuais também já foram superiores a 100%.
O diretor também considerou conservadora a projeção de US$ 20 bilhões para as reservas líquidas internacionais (excluem os empréstimos com o FMI), para 2004. As reservas brutas, segundo ele, deverão ficar em US$ 43,7 bilhões. Para este ano, as estimativas para as reservas brutas foram alteradas de US$ 39,2 bilhões para US$ 46,2 bilhões, enquanto as líquidas passaram de US$ 14 bilhões para US$ 16,9 bilhões.
Segundo Beviláqua, dos US$ 10,098 bilhões que o Brasil tem que pagar, neste ano, em compromissos da dívida externa, US$ 4,458 bilhões virão das reservas internacionais e o restante, US$ 5,6 bilhões, será liquidado pelo Tesouro Nacional com recursos contratados no mercado.
O diretor explicou, que a previsão inicial era de que o Tesouro participasse apenas com US$ 2,2 bilhões, mas que as condições favoráveis do mercado levaram ao menor uso das reservas. Por isso, a elevação das reservas líquidas. Em 2004, as despesas estimadas com a dívida externa chegam a US$ 11,785 bilhões, sendo US$ 5 bilhões com recursos contratados pelo Tesouro, no mercado.