Pecuária aumenta o desmatamento no sul da Bahia

26/09/2003 - 16h50

Brasília, 26/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do sul da Bahia ainda não protegidos em unidades de conservação sofrem hoje grave ameaça com a expansão da pecuária. Nessas regiões é visível o aumento de desmatamentos ilegais, principalmente devido a chegada de mais pecuaristas que venderam suas terras em outras regiões para empresas de celulose e outros interessados na produção do eucalipto. Esta é a principal constatação do relatório da operação de fiscalização Mata Viva, encerrado nesta semana pela gerência executiva do Ibama em Eunápolis (BA).

Durante oito dias, quatro equipes de fiscalização percorreram cerca de 10 mil quilômetros no sul e extremo sul da Bahia com o principal objetivo de monitorar e fiscalizar denúncias de desmatamentos em formações de Mata Atlântica. A operação priorizou três áreas onde estão localizados os mais expressivos remanescentes florestais e que sofrem hoje forte pressão.

A primeira está localizada em um polígono que abrange os municípios de Mascote, Canavieiras, Camacan, Pau Brasil e Santa Luzia. Parte da região coincide com grandes áreas de cultivo de cacau, que foi inicialmente plantado em consórcio com espécies nativas da Mata Atlântica. A segunda fica um pouco mais ao sul entre os municípios de Santa Cruz de Cabrália, Belmonte e Barrolândia e é hoje objeto de estudo para a criação de um Parque Nacional.

A terceira área priorizada, onde também é analisada a criação de unidade de conservação pelo governo Federal, fica no extremo sul do estado, entre Itamarajú e o distrito de Nova Alegria, na região serrana conhecida como Serra de Itamarajú.

Essas três áreas concentram os maiores remanescentes de Mata Atlântica ainda não protegidos por unidades de conservação e são extremamente importantes para a formação de um corredor ecológico no Sul da Bahia. "A manutenção dessa cobertura vegetal é fundamental para permitir a conexão entre os vários fragmentos de Mata Atlântica da região que se encontram cada vez mais isolados", explica Sérgio Bertoche, coordenador do Núcleo de Fiscalização da gerência executiva em Eunápolis.

Além de concentrar importantes fragmentos de Mata Atlântica, essas áreas também registram o maior número de denúncias de desmatamentos no sul e extremo sul da Bahia. Durante a operação, o Ibama lavrou 30 autos de infração, no valor total de R$ 519 mil. Só em Canavieiras, Santa Luzia e Camacan foram multados 18 proprietários de terra e apreendidos quatro caminhões carregados com 70 m³ de madeira extraída ilegalmente, além de um trator e oito moto-serras. (Ascom Ibama)