Ministros do Trabalho defendem, em Salvador, interação das políticas econômicas e de trabalho

26/09/2003 - 19h44

Brasília, 26/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, declarou, hoje, no encerramento da Conferência Interamericana de Ministros do Trabalho, em Salvador (BA), que o ponto mais importante do encontro foi a interação entre as políticas econômicas e as políticas de trabalho. Segundo Jacques Wagner, a participação dos ministérios do Trabalho nas questões econômicas têm um papel definitivo na inclusão social e geração de empregos. "Vamos ter a oportunidade de mostrar o resultado desse encontro aos ministros do Comércio, que estarão reunidos em novembro, na cidade de Miami. Lá, vamos reiterar nossas propostas e fazer um trabalho de inclusão nas Américas", destacou o ministro brasileiro.

Um dos destaques da conferência foi a apresentação do programa Primeiro Emprego aos representantes dos 34 países que compõem a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ao formalizar a adesão do Brasil à Rede de Emprego da Juventude, promovida pela OIT, o ministro Jacques Wagner foi surpreendido por 30 jovens, que disseram o que esperam do primeiro emprego.

O índio Weibe Tapeba, 20 anos, saiu de Caucaia (CE) para pedir a Jacques Wagner programas específicos para as comunidades indígenas e investimento em educação e profissionalização, além de programas auto-sustentáveis. Tapeba contou que na cidade de Caucaia, com 250 mil habitantes, vivem 5 mil índios, em 8 comunidades, e a maioria não é assalariada.

"A maioria dos índios do Ceará está sem emprego, alguns vivem pedindo esmolas no centro da cidade, outros sobrevivem da venda de produtos agrícolas e a maioria faz serviço informal", relatou Weibe Tapeba.

O músico Preto Ghoez, 30 anos, secretário Nacional do Movimento Rip-Rop do Brasil, também falou aos ministros do Trabalho, pedindo políticas de integração dos setores para alcançar jovens excluídos e estabelecer diálogos com eles também sobra questões voltadas para educação e saúde. Ele aproveitou para fazer uma sugestão:

"Da mesma maneira que há um conselho para a economia, devia ter um conselho para o Primeiro Emprego, para a juventude. É muito genérico dizer que vamos abordar a questão racial, mas não podemos aprofundar na especificidade. O conselho devia funcionar como órgão consultor", diz Preto Ghoez.

Os países do continente americano se comprometeram a fazer uma interação entre as políticas econômicas e as políticas de trabalho. Eles assinaram a Carta de Salvador, onde ressaltaram que o apoio à Àrea de Livre Comércio das Américas, a Alca, terá de vir associado a uma pauta trabalhista e social. Os ministros propuseram também a criação de um fundo social, denominado Fundo Interamericano de Promoção do Trabalho Decente.

Nádia Faggiani