Brasília, 26/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Até novembro, 430 municípios da região Norte vão ser atendidos pelo Fome Zero, por meio do Programa Cartão Alimentação, do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar (MESA). Os benefícios vão chegar a mais de 400 mil famílias. A implantação do programa na região Norte começou a ser preparada no mês passado, com a formação de Agentes Locais de Segurança Alimentar (ALSAs). Esses agentes são os responsáveis pela formação dos comitês gestores nos municípios que vão ser atendidos. E são os comitês que fazem a seleção das famílias que mais precisam do auxílio de R$ 50 mensais do Cartão Alimentação e realizam ações de educação alimentar e de saúde.
No Acre, os primeiros cartões já começaram a ser distribuídos. A família de Maria Estela de Menezes, da cidade de Capixaba (AC), será uma das beneficiadas. Maria Estela não tem emprego fixo, mora com a mãe e tem uma filha de 5 anos. Ela diz que está satisfeita por ter sido escolhida para receber o cartão alimentação. "Nossa situação está crítica; minha filha estuda e eu vou poder comprar roupa e alimentação para ela, vou comprar leite e vou poder ajudar minha mãe", diz.
A população indígena e 27 comunidades remanescentes de quilombos do Pará e do Amapá também serão atendidas pelo Fome Zero na região Norte. Em alguns pontos, municípios estão se associando em consórcios e elaborando projetos de desenvolvimento local. Algumas das ações organizadas são o incentivo à agricultura familiar, a alfabetização e o apoio e desenvolvimento de iniciativas de microcrédito, pequenos empréstimos a juros baixos que ajudam a movimentar a economia local.
As grandes distâncias e a dificuldade de acesso das famílias aos locais onde os benefícios podem ser retirados preocupam o Mesa. O secretário do Programa Comunidade Solidária, José Giácomo Baccarin, diz que a solução deve vir de parcerias firmadas com a Caixa Econômica Federal e com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Em localidades do Pará e do Amazonas, algumas comunidades ribeirinhas chegam a viajar um dia inteiro para encontrar um posto de pagamento. "Estamos conversando com a Caixa e com o INSS, que tem um sistema de pagamento local, para diminuir os gastos que as famílias teriam para receber os benefícios", diz Baccarin.