Brasília, 26/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o ministro da Saúde, Humberto Costa, disse ontem que está discutindo um "acordo de intenções" com o governo cubano para a transferência de tecnologia de fabricação de medicamentos. O acordo entre Brasil e Cuba deve trazer redução de até 50% nos valores dos remédios distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Humberto Costa, que se encontra hoje em Cuba, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o Brasil irá receber dos cubanos a ‘receita’ para a produção de alguns dos medicamentos mais caros distribuídos pelo SUS. Em troca, durante o período de transmissão de tecnologia, passaríamos a comprar esses medicamentos somente dos cubanos. Outros medicamentos que tenham preço mais baixo também poderão ser adquiridos pelo Ministério da Saúde, garantiu Costa. "Para nós, esse acordo é importante, porque vamos receber tecnologia para produzir no Brasil alguns dos medicamentos mais caros distribuidos pelo SUS", disse.
De acordo com o ministro, os maiores beneficiados com esse acordo seriam as pessoas que fazem tratamento contra hepatite C ou meningite B, além dos que realizaram transplantes e as imunodeprimidas. "Várias ações que os cubanos já desenvolvem hoje poderão ser transferidas para o Brasil com bons resultados", afirmou o ministro.
O ministro disse que ainda não sabe quanto será gasto para a aquisição dos remédios. Ele acredita que, com esse acordo, o valor possa cair até a metade do que é gasto pelo SUS na compra desses medicamentos. De acordo com o ministro, ainda precisa ser acertada a quantidade para garantir as necessidades brasileiras e a capacidade de fabricação cubana. "O mais importante para nós é que, em breve, vamos produzir em laboratórios brasileiros públicos ou privados", disse.
Além desse acordo, Humberto Costa informou que também será fechado um intercâmbio de médicos entre Brasil e Cuba. Ele explicou que médicos cubanos, que estiverem com seus diplomas validados e registrados nos Conselhos de Medicina locais, poderão trabalhar no Brasil. Já os médicos brasileiros poderão estudar em Cuba e depois retornar para exercer a profissão. Uma comissão formada durante os próximos dias definirá as regras para o intercambio.