Brasília, 4/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo federal recebeu ontem à noite um relatório do Grupo de Trabalho Interministerial sobre a plantação de produtos transgênicos no país e, com base no documento, deve apresentar sua posição sobre a questão. Alegando que o tema ainda não foi amplamente discutido e esclarecido, o Greenpeace Brasil propos ao governo federal a realização de uma discussão ampla com toda a sociedade civil no processo de elaboração do projeto sobre os transgênicos.
A entidade entende que a falta de informação às pessoas e as dúvidas na comunidade científica quanto aos impactos dos transgênicos sobre o meio ambiente e a saúde humana e animal são razões que recomendam cautela antes de qualquer medida que libere a produção e o consumo de organismos geneticamente modificados (OGMs). Outro tópico sustentado pelo Greenpeace é de que o Brasil terá vantagem econômica se rejeitar os transgênicos, uma vez que a União Européia e a China, grandes importadores de grãos, impõem uma série de restrições a eles.
O site da entidade no Brasil (www.greenpeace.org.br) lançou uma campanha de assinaturas contra a liberação dos transgênicos, que serão enviadas ao presidente da República e aos diversos ministros que tratam do tema. O Greenpeace lista quatro razões principais para o governo federal manter o país uma zona livre de transgênicos.
A primeira é uma pesquisa do Ibope, de dezembro de 2002, segundo a qual 71% dos brasileiros não querem alimentos transgênicos e 65% acham que eles não deveriam ser plantados. Em segundo, observa que estimativas de analistas de mercado mostram que a exportação de grãos não transgênicos faz o país conquistar cada vez mais mercados, graças à crescente rejeição de consumidores europeus e asiáticos que preferem soja e milho brasileiros convencionais. Além disso, menciona a existência de uma série de estudos científicos que comprovam os sérios danos causados pelos OGMs ao meio ambiente. Por último, argumentam que, usando sementes transgênicas, os agricultores brasileiros ficarão cada vez mais dependentes das grandes empresas de biotecnologia, como a Monsanto.
Ontem, em reunião com os núcleos agrário e de meio ambiente da bancada federal do PT, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, agendou para o próximo dia 17 um debate com os parlamentares do partido para discutir o projeto a ser enviado pelo governo federal que regulará a pesquisa, plantio e comercialização dos OGMs.