Rio, 4/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) está empenhada em recuperar créditos de tomadores inadimplentes e para isso tomou a iniciativa inédita de emitir 50 cartas para os presidentes das companhias maiores devedoras do órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

De acordo com informação dada hoje à Agencia Brasil pelo presidente da Finep, Sergio Rezende, a intenção é convocar as empresas devedoras para uma renegociação, antes que a agência de fomento resolva tomar medidas judiciais, com o intuito de agilizar os procedimentos.
Rezende foi procurado esta semana por uma companhia devedora do setor de alimentação, cujo nome preferiu manter em sigilo, até que seja fechado um acordo para pagamento da dívida.

Ele disse que a inadimplência dessa empresa foi causada por mudanças na política governamental que dificultaram sua situação financeira. Agora, contudo, com a nova política do governo Lula de estimular as empresas nacionais, ela espera acertar a situação, até porque não poderá tomar outros empréstimos no mercado enquanto estiver inscrita no Cadastro de Inadimplentes (Cadim).

Empossado em 14 de fevereiro passado, Sergio Rezende encontrou a Finep com uma carteira de empréstimos inadimplentes de R$ 1 bilhão que, em números relativos, equivale a 10% dos empréstimos concedidos pelo órgão ao longo de 30 anos, no montante de R$ 10 bilhões. Rezende analisou que a inadimplência é resultado de créditos feitos durante os anos 90 para empresas que não tinham sistema financeiro sólido ou eram mal intencionadas.

As 50 maiores devedoras da Finep estão concentradas na região Sudeste, onde a empresa pública concede a maioria de seus créditos. O problema foi divulgado pela nova direção da Finep com o objetivo de dar maior transparência às ações da agência de Inovação do MCT e mostrar que ela precisa atuar com parâmetros técnico-financeiros e não políticos, disse Rezende. Nos 6 meses que está à frente da Finep ele já conseguiu recuperar R$ 20 milhões de créditos inadimplentes, segundo informou.