Brasília, 4/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A medalhista Daiane dos Santos, 20 anos de idade e com 1,45 m de altura, conquistou o primeiro ouro brasileiro em mundiais de ginástica no campeonato de Anahein, na Califórnia (EUA), no final de agosto. A sorridente e brincalhona gaúcha falou à Radiobrás na sede da Brasil Telecom, em Brasília, após um bate-papo com os funcionários da empresa que a patrocina.
Daiane entrou tardiamente, aos 11 anos, para a ginástica. A média é de 6 anos de idade. Foi descoberta, por acaso, pela professora de uma amiga, quando brincava em um parquinho. Após uma breve avaliação, "ela apertou aqui, puxou ali", conta a atleta, Daiane foi chamada para começar a treinar. E não parou mais.
Ela treina em Curitiba (PR), no Grêmio Náutico União (GNU), juntamente com o restante da seleção brasileira de ginástica, sete horas por dia, de segunda a sábado. Em época de campeonatos, os treinos são de domingo a domingo.
A alimentação de Daiane é bastante rígida. Ela consome 900 calorias por dia. A ginasta brinca dizendo que come comida de avião todos os dias e que, por isso, se sente sempre voando. Mas falta pouco para Daiane levante vôo. Para conseguir trazer a medalha de ouro do Campeonato Mundial de Ginástica Artística, ela teve que realizar um dos movimentos mais difíceis da ginástica olímpica, o duplo twist carpado.
Na caminhada para a conquista, Daiane teve alguns percalços. O primeiro foi a falta de patrocínio, superada agora com o apoio da Brasil Telecom. Outra, as pessoas que não acreditavam que, por ter entrado para a ginástica tardiamente, pudesse se tornar uma atleta profissional.
Daiane conta que deve muito às pessoas que duvidavam dela no início de sua carreira. Foi graças à descrença delas que a ginasta encontrou garra para se superar e provar que estavam erradas. Agora que conquistou a medalha de ouro, todo mundo é amigo dela e a apóia desde que ela começou a treinar, desabafa.
Mas o maior de seus desafios, certamente, foi ter de lutar contra seus próprios limites físicos. Daiane tem os dois joelhos "batizados", como ela mesma diz. Há um ano, a ginasta teve que fazer uma cirurgia no joelho esquerdo por causa de uma ruptura no tendão patelar. "Sabe o que o Ronaldinho teve no joelho? A mesma coisa. Só que o dele foi total e o meu foi 60% de ruptura", explica.
Ainda este ano, dois meses antes dos Jogos Pan-Americanos e do Campeonato Mundial de Ginástica Artística, teve que se submeter a outra cirurgia, desta vez no joelho direito. O menisco lateral quebrou e esfarelou dentro do joelho. Daiane conta que tiveram que abrir e enfiaram dois caninhos em sua perna. "Fizeram uma limpeza geral no meu joelho, por dentro", brinca.
Segundo Daiane dos Santos, lesões na ginástica olímpica são coisas normais porque os ginastas lidam com impacto o tempo todo. "Por eu treinar muito solo e muito salto, meus joelhos sofrem bastante com isso", confessa a atleta, que pretende ainda participar das próximas olimpíadas, em Atenas.
