Brasília, 27/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O poeta argentino Rodolfo Alonso lança, agora à noite, na 22ª Feira do Livro de Brasília, sua nova obra, a primeira lançada no Brasil, "Antologia Pessoal". Alonso, que tem mais de 25 livros publicados, a maioria poesias e ensaios, sempre foi muito ligado à literatura e à poesia brasileira. Ele traduziu, para o espanhol, livros de grandes modernistas brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade, pelo qual desenvolveu profunda admiração e amizade "epistolar", Murilo Mendes, Cecília Meireles e Manuel Bandeira.
Em entrevista à Agência Brasil, o escritor falou de sua paixão pela cultura brasileira em geral, principalmente pela música e a literatura. Para ele, Brasil e Argentina possuem grande tradição literária e estética de vanguarda e são muito fiéis às suas respectivas vidas culturais e identidades nacionais. "O vanguardismo latino-americano não é uma imitação dos europeus. Ao contrário do que muitos pensam, ele é uma das provas mais evidentes de nossa originalidade", afirmou.
Alonso acrescentou que os dois países possuem "vasos comunicantes" e, por isso, devem estar integrados a fim de enriquecer cada vez mais a cultura latino-americana. "Brasil e Argentina não podem ignorar um ao outro. Temos que estar integrados não somente no Mercosul, mas também na cultura, na vida e na sociedade. Unidos somos mais fortes, cada um com sua identidade".
O poeta criticou o que chama de nova civilização da imagem. Para ele, a perda da leitura é um problema universal, não somente para a literatura e a poesia, mas principalmente para a própria condição humana. "Antigamente, o centro das relações, das ciências e da literatura era a palavra. Hoje, vivemos numa sociedade onde o mais importante é a imagem, e isso é muito grave, pois a palavra não pode ser mudada, a linguagem é o que nos faz homens", disse.
"A perda da riqueza das línguas das comunidades é muito dolorosa, principalmente no caso do povo brasileiro, que tem grande tradição de vitalidade lingüística, de expressividade e diversidade", disse Rodolfo Alonso. Nesse sentido, o poeta acredita que tudo que se faça para que, sobretudo a juventude, siga tendo contato com a grande literatura servirá como alternativa para manter viva a nossa essencialidade, a língua.