Brasília, 17/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo espera para o final do ano a recuperação do nível de atividade econômica, para só em 2004 chegar a um crescimento econômico mais expressivo, acima dos 3,5% previstos no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Para este ano, o governo ainda trabalha com crescimento inferior a 2% do Produto Interno Bruto (PIB). As estimativas foram divulgadas hoje pelo Ministério da Fazenda no Boletim de Conjuntura Econômica do mês de julho.
Ao comentar o boletim, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, destacou a redução dos juros, a retomada de crédito externo no setor privado, o controle dos preços, e a melhoria do país no cenário internacional como principais fatores que conduzirão ao crescimento do nível de atividade econômica.
Segundo o secretário, o movimento de retomada deve acontecer entre o final do terceiro trimestre e ao longo dos últimos três meses. "Tem sempre uma demora entre a melhora nas variáveis econômicas e a recuperação do nível de atividades. Não há um numero mágico para isso", afirmou, ao lembrar que as melhorias dependem de outros fatores, como o cenário internacional.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, lembrou que a performance desse ano reflete a crise de confiança que abateu o país no final de 2002 e que a busca da retomada do crescimento seguirá um ritmo gradual. "Não vai ser um processo que se resolve da noite para o dia. É preciso sempre ter consciência de que saímos de um processo de crise fiscal muito grande", disse, reforçando a analise de conjuntura divulga hoje, de que a retomada de crescimento depende de uma série de iniciativas, como a aprovação das reformas, a nova lei de falências, as alternativas de financiamento da área de infra-estrutura, como a Parceira Público-Privada (PPP).
Para o crescimento sustentado de longo prazo, Lisboa sugeriu um incremento na taxa de investimento em bens de capital, que nos últimos 20 anos está no patamar dos 20% do Produto Interno Bruto (PIB). "Precisamos sair desse patamar e passar ao patamar de investimento que garanta um crescimento do produto dessa economia bem acima do crescimento da população", argumentou.
Segundo o secretário, o crescimento sustentado de longo prazo requer alcançar taxa de investimento da ordem de 24% do PIB, "como é observado nas economias emergentes com maior taxa de crescimento".
Lisboa também comentou que as medidas adotadas pelo governo no âmbito da reforma tributária e previdenciária, encaminhadas adiantadamente ao Congresso Nacional, contribuíram para a melhoria nos indicadores econômicos e que as mudanças feita no relatório da reforma previdenciária não reverterão o quadro de confiança na economia brasileira. "As reformas estão indo muito bem. Estão em ajuste fino", comentou.